A 5ª Vara Criminal do Rio condenou a cinco anos de prisão o ator William Preciliano Bezerra, preso desde o início de outubro de 2018. William é acusado de participação em um atentado contra policiais da UPP do Morro dos Prazeres e foi reconhecido pelos PMs através de fotografias que circularam em redes sociais em que o jovem aparece armado. No entanto, as fotos foram tiradas durante as gravações do filme "Justified". Em uma delas, inclusive, ele aparece ao lado do ator José Loreto.
William alegou que é inocente, só conhece um dos réus pois tem amigos em comum e no dia da ocorrência estava em casa com seus pais. O ator também afirmou que trabalhava em um bar com sua irmã e teve dificuldades para segurar a réplica do fuzil no filme, já que não sabia empunhá-lo.
Na sentença, Paula Fernandes Machado, juíza titular da 5ª Vara, destacou que o ator foi reconhecido pelos policiais em uma audiência mesmo com a presença de dublês dos outros réus. Em um dos depoimentos um dos policiais narrou que William foi um dos que renderam a guarnição e estava com uma granada.
A defesa alega que ele foi "confundido" com traficante por ter sido reconhecido em sede policial pela foto do filme de que participou, portando um fuzil de brinquedo. Tal alegação foi veementemente rebatida por todos os policiais vítimas. Todos esclareceram que William foi reconhecido por uma foto, extraída de rede social, onde aparece de camiseta preta, cabelo encaracolado e reflexo loiro, sem portar qualquer arma, e junto com amigos, onta a juíza.
A magistrada defendeu que todas as provas "foram produzidas com respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa".
Diante das declarações e reconhecimentos, absolutamente firmes, os quais confirmam a narrativa contida no registro de ocorrência, verifica-se nos fatos descritos na denúncia que William portava uma pistola de cor areia e uma granada. Também falou bastante com os policiais e com os demais criminosos, durante o período em que as vítimas estiveram rendidas, exercendo a função de fazer a segurança armada da quadra, para que os agentes da lei não saíssem dali, Afirmou.
Em uma das audiências, o delegado responsável pelo caso afirmou que a foto tirada durante as gravações do filme "Justified", tornou ele suspeito.
O réu não foi investigado por delitos anteriores. Mas pode figurar no álbum da polícia um suspeito sem ter sido investigado. Que uma pessoa que porta um fuzil em rede social vira suspeito. Quem faz a análise de redes sociais são os policiais do serviço de inteligência. E muitas vezes o policial de plantão identifica, numa rede social, um suspeito e repassa as informações para o setor de inteligência da polícia. Então ele faz o "PF" (pessoa física) dos suspeitos, onde é levantado o boletim de vida pregressa deles. Por mais que nesse "PF" não conste crime, pode haver um registro de ocorrência— afirmou o delegado Robinson Gomes Pereira em juízo.
Relembre o caso
A prisão de William revoltou moradores, familiares e o elenco do filme, que fizeram abaixo-assinado na comunidade contra o que consideraram "uma grande injustiça". Apesar disto, a Justiça manteve a prisão preventiva de William por ter sido reconhecido pelos policiais por fotografia.
O atentado contra os policiais ocorreu em 20 de novembro de 2017, quando cerca de 30 homens mantiveram sete policiais em cárcere privado por cerca de uma hora. Na audiência desta quinta-feira, os policiais confirmaram que o rapaz estava entre os traficantes que participaram do ataque à UPP. Já os dois outros acusados presos, ao serem indagados pelo advogado Thiago Anastácio, negaram que William tenha participado do ataque e que tenha qualquer ligação com a quadrilha.
William foi preso quando deu entrada em documentos para tirar a carteira de motorista no Detran. Sua defesa pediu sua libertação, mas a juíza Paula Fernandes Machado, da 5ª Vara Criminal da Capital, manteve a prisão preventiva, por entender que "ao contrário do que foi alegado pela defesa, não se trata de um mero reconhecimento por foto, havendo indícios de materialidade e de autoria, haja vista que a declaração extrajudicial de um policial militar, vítima, narra toda a suposta atuação do réu durante a empreitada criminosa, com riqueza de detalhes".
De acordo com a denúncia, contida no documento, William estaria com uma pistola e, acompanhado de um outro réu, Mayk, vigiava os policiais no interior da quadra. Importante ressaltar que os fatos narrados na denúncia estão corroborados pelas declarações das vítimas, sendo que seis das nove vítimas reconheceram o réu William Preciliano como sendo um dos autores dos fatos.