Vídeos que viralizaram na internet mostram parte da rotina do empresário de 42 anos de Valinhos (SP), morto a tiros pelo filho de 15 anos no dia 3 de agosto. O homem andava pela casa exibindo armas do seu arsenal e ostentando motos e carros de luxo. Fazia selfies para expor os bens, cuja origem está sendo investigada pela Polícia Civil.
McLaren, Maserati, Lamborghini e BMW são alguns dos veículos que ele ostentava, mas segundo o delegado à frente das investigações, João Neves Netto, nenhum estava registrado no nome real do empresário. Algumas das armas ficavam no nome da esposa dele, enquanto outras pessoas aparecem como proprietárias dos bens de luxo.
"No nome real dele, nós não detectamos absolutamente nada, e sim bens e certos veículos registrados em nomes de terceiros e em nome de uma pessoa fictícia. Criada por ele com emissão de documentos tidos como legítimos, mas com dados considerados como falsos", afirmou Netto.
Ele tinha documentos falsos, RG, CPF e passaporte tinham nomes diferentes.
"Ele acabou suprimindo o sobrenome dele e utilizava o sobrenome da esposa para, daí, criar essa pessoa falsa", completou o delegado.
Quem era a rede de apoio do empresário?
Segundo o delegado, as informações fornecidas pela família são nebulosas quando se trata da atividade comercial que ele desempenhava. O empresário se apresentava como sendo do ramo automotivo, com negócios na China, mas nada disso foi comprovado pela polícia.
Celulares e computadores da família foram apreendidos e vão passar por perícia. A investigação está focada em saber mais detalhes do passado do empresário e quem são as pessoas que atuavam junto com ele nos negócios ilícitos.
"Nós estamos agora aguardando o resultado de diversos exames periciais que foram requisitados e vamos voltar a investigação para buscar levantar essa rede de apoio que auxiliava a vítima na obtenção, emissão desses documentos, registros de armas de fogo e até mesmo verificar a situação desse patrimônio que foi adquirido utilizando esses dados falsos", explicou o delegado.
Tortura psicológica
O caso está sendo investigado como ato infracional de homicídio com legítima defesa. A Polícia Civil identificou que as atitudes do empresário se configuravam como tortura psicológica. Ele agredia tanto a esposa, quanto o filho adolescente.
"De acordo com a apuração que nós até agora conseguimos levantar, o ambiente era extremamente tóxico e permeado pela violência doméstica. Me parece que a situação chegou em um momento tão crítico e de tanto temor e receio, tanto do adolescente, como de sua genitora, que parece que o adolescente não viu outra maneira que não fosse a de tomar aquela atitude".
"Não existe uma motivação específica da briga, porque os relatos nos apontaram que qualquer motivo dava margem para uma discussão, seguida de uma discussão e resultando em uma agressão", afirmou Netto.