Tripulantes de uma aeronave de pequeno porte estão desaparecidos há 14 dias na floresta amazônica, em Roraima. O piloto, um mecânico de avião e um empresário deram notícias pela última vez em 4 de agosto, quando partiram de Boa Vista rumo a uma região de garimpo ilegal na terra indígena Yanomami. O Corpo de Bombeiros de RR retomou as buscas nesta terça-feira. A Força Aérea Brasileira (FAB) encerrou as buscas no domingo, mas promete retomar em caso de novas informações sobre o paradeiro dos ocupantes do avião.
A aeronave era comandada pelo piloto Cristiano Nava da Encarnação, de 32 anos. Com ele, estava o mecânico de avião Wallace Gabriel Lopes, de 24 anos, morador do Rio. O terceiro tripulante era um empresário identificado apenas como Antônio José, de 42 anos, que seria dono do garimpo.
Nava foi contratado para levar o empresário, o mecânico e uma peça para a área onde ocorre a exploração mineral irregular por se tratar de terra indígena homologada. No local, havia um helicóptero pertencente a Antônio José e que precisava de reparos. Wallace daria manutenção na aeronave danificada.
O Cristiano não queria ir, mas o dono do avião pediu, disse que era urgente. No caminho ele perguntou para outro piloto se poderia voar mais alto, porque caía um temporal. Disseram para ele voltar, mas ele não voltou e desde então não temos notícias - disse a mãe do piloto, Jocelia da Encarnação, que mora em Boa Vista.
Nava conhecia o trajeto. De acordo com sua mãe, ele já tinha ido para o garimpo pelo menos seis vezes, sempre contratado para levar e trazer pessoas.
Esperança nas buscas
Os tripulantes viajaram a bordo de um avião modelo Poty, prefixo PU-POT. A aeronave decolou da pista do Timbó, região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista, e deveria ter chegado à pista de pouso situada dentro da aldeia Homoxi, às margens do rio Mucajaí, em Roraima.
A decolagem da aeronave ocorreu às 7h45 e o último sinal registrado ocorreu às 9h26. De acordo com dados que constam no sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o avião era do tipo ultraleve, com capacidade para no máximo um passageiro, capaz de transportar até 550 kg e não estava autorizado a fazer táxi aéreo.
As buscas pelo piloto e passageiros começaram por iniciativa dos próprios amigos dos tripulantes. Depois de dois dias à procura, em aviões particulares, as famílias resolveram procurar a Força Aérea Brasileira (FAB).
A FAB enviou aviões e realizou buscas ao longo de dez dias. O trabalho foi feito por aeronaves SC-105 Amazonas SAR e H-60 Black Hawk.
- No domingo, para nosso desespero, eles (FAB) disseram que as buscas seriam encerradas. Agora estou sobrevivendo na base dos remédios, mas mantenho as esperanças. Pelo menos conseguimos a ajuda do Corpo de Bombeiros que vai fazer buscas terrestres - afirmou Jocelia.
A mãe do piloto explicou que nos últimos dias chegaram três relatos que mereceram atenção. O primeiro foi uma fogueira no meio da mata, o segundo é uma área com mato derrubado nas proximidades de uma serra, e o terceiro é algo descrito como parecido a um pedaço de aeronave.
Como as buscas da FAB foram totalmente aéreas, o Corpo de Bombeiros vai para os locais relatados de helicóptero e militares descerão para fazer o trabalho terrestre.
- É uma região de mata fechada e a aeronave que eles estavam era muito pequena. Então ela pode muito bem estar escondida embaixo das árvores, essa é nossa esperança. Só rezo para que o governo não economize em horas de voo e não desista das buscas, pois são três vidas, três famílias angustiadas - disse Jocelia.
Procurada, a FAB afirma que desde a sexta-feira as aeronaves SC-105 Amazonas SAR e H-60 Black Hawk seguiram os padrões internacionais de busca, não encontrando vestígios da aeronave desaparecida e que as buscas foram suspensas neste domingo, mas que a operação "pode ser reativada quando justificada por meio do surgimento de novas informações sobre a aeronave e/ou o piloto".
Já os bombeiros retomaram as buscas nesta terça-feira por vias terrestres pelo piloto e pelos dois outros ocupantes da aeronave desaparecida na região da Serra do Querosene, aérea Yanomani. De acordo com a corporação, uma equipe com quatro bombeiros especialistas em buscas terrestres será lançada por helicóptero próximo ao local indicado nos últimos sinais de GPS emitidos pelos equipamentos da aeronave.