ESTUDANTE QUE MATOU GAMER COM FACA E ESPADA NÃO TEM DOENÇA MENTAL DIZ LAUDO
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Publicado em 10/09/2021

Laudo feito por peritos médicos indicados pela Justiça de São Paulo concluiu que o estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, que usou uma faca e uma espada para matar a gamer Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, não possuía nenhuma doença ou perturbação mental quando cometeu o crime em fevereiro. O G1 teve conhecimento do resultado do teste nesta quinta-feira (9).

O exame de insanidade mental havia sido feito em abril a pedido da defesa do réu. Seus advogados suspeitam que Guilherme matou a vítima durante um "surto psicótico", e, que por este motivo, precisaria ser levado para tratamento num hospital psiquiátrico em vez de continuar preso. Apesar de ter confessado o crime, o estudante nunca explicou por que assassinou Ingrid.

Mas como o resultado do teste o considerou "imputável" (ou seja, que pode responder criminalmente pelo que fez), o acusado poderá ser levado a júri. Até a última atualização desta reportagem, a juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara do Júri, não havia decidido, no entanto, se ele será submetido a um julgamento popular.

O estudante responde por homicídio. Em caso de condenação, a pena para esse tipo de crime pode chegar a 30 anos de prisão (tempo máximo que uma pessoa pode ficar presa pela lei brasileira).

"Já houve audiência [de instrução], já pedi a pronúncia para ser levado a júri", falou o promotor Fernando Cesar Bolque. "[Estou] aguardando a sentença [de pronúncia]."

A a defesa de Guilherme contestou o resultado do exame que o considerou um criminoso comum.

"Estamos tentando uma contraprova desse laudo de insanidade mental", falou o advogado João Marcos Alves Batista, que atua na defesa do réu ao lado do também advogado William Vinicius Sartorio de Andrade.

"A defesa ainda defende a tese de que o Guilherme precisa de um tratamento, precisa de uma absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança", disse João. "Pois ele não pode cumprir sua pena e retornar para a sociedade sem um devido tratamento para os sintomas que ele apresenta, para as doenças mentais e tudo".

Na opinião de seus advogados, Guilherme possui "esquizofrenia e distúrbios de psicopatia". A defesa, porém, não tem nenhum documento que comprove isso. E pretende contratar um perito particular para emitir um laudo que corrobore com essa tese.

"Dentro da prisão, o Guilherme escuta vozes e sofre com os sintomas", falou o advogado, que ainda não tem uma explicação sobre o motivo que fez seu cliente matar Ingrid. "Não sabemos informar o real motivo, pois nem ele mesmo sabe o explicar. Nossa opinião é que ele teve algum ataque ou surto psicótico. Ele não sabe nos informar, porque nos disse que não lembra de mais nada do que houve naquele quarto."

O assassinato ocorreu em 22 de fevereiro, na casa de Guilherme, em Pirituba, na Zona Norte da capital paulista.

O estudante é conhecido como Flash Asmodeus no meio dos games. Ingrid era chamada por Sol e jogava profissionalmente como gamer. Os dois se conheciam havia um mês, durante partidas online do Call of Duty: Mobile, um game de tiro para celulares.

Após matar a gamer, ele gravou um vídeo e compartilhou a imagem nas redes sociais admitindo o assassinato. Em seguida, se entregou numa delegacia, onde foi preso pela Polícia Civil, e continua detido desde então.

"Eu quis fazer isso", disse o estudante numa filmagem feita por policiais que o prenderam em flagrante.

De acordo com a investigação, Ingrid foi encontrada morta a facadas depois de ter ido à casa de Guilherme. Os policiais querem saber se os dois tinham algum relacionamento e se o assassinato foi planejado.

A suspeita da polícia é a de que o crime tenha sido premeditado. Guilherme chegou a fugir após matar Ingrid. Depois falou que iria se suicidar, mas foi convencido pelo irmão a se entregar. O irmão havia visto o corpo da gamer sobre uma cama. Segundo o relato desse familiar, o estudante havia lhe dito que a garota “teria atravessado seu caminho” e por isso a matou.

Guilherme ainda afirmou aos policiais que escreveu um livro de 52 páginas para explicar os objetivos do crime. A polícia conseguiu uma cópia dele, que foi anexada ao inquérito. Nele, o assassino afirmou, de acordo com a Justiça, que "planejava um ataque contra o cristianismo e que seria um soldado de um exército, tendo ainda asseverado que a vítima teria atrapalhado seu caminho, o que, em tese, acena para a possibilidade de envolver um plano para atingir outras pessoas".

 

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