EM MG POLICIAL DIZ TER SIDO VÍTIMA DE RACISMO E AGREDIDO POR PMS E AGUARDA SOLUÇÃO DO CASO NA JUSTIÇA
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Publicado em 22/11/2021

O que era para ser só um passeio com a filha de 4 anos, acabou virando um tormento para o PM Anderson César da Silva, em Barbacena, Minas Gerais. Depois de uma denúncia, Anderson foi abordado por colegas policiais, que, segundo ele, agiram com truculência e o trataram como um abusador.

Anderson é negro e acusa os policiais de tortura e racismo. Ele chegou a ser preso por desacato e agora aguarda o desfecho do caso na Justiça.

Anderson tem 32 anos, é militar e estava com a filha, de 4 anos, quando a abordagem aconteceu. Os três policiais foram ao local depois que receberam uma denúncia pelo telefone. Segundo o boletim de ocorrência, a informação era de que havia "um homem alto, de cor parda, levando uma criança pequena em direção a uma mata, e que a criança estaria chorando”. Anderson conta que se apresentou como policial e se identificou como pai da menina e diz que foi vítima de racismo e agredido pelos colegas de farda.

“O militar chegou, virou para mim e falou: ‘Seu preto safado, olha a cor da sua filha, olha a sua cor’. Eu peguei meu celular e comecei a filmar. Ele pegou meu celular e eu tomei uma mata-leão e depois desse momento eu não vi mais nada”, conta Anderson.

De acordo com o boletim, a pessoa que fez a denúncia ainda ajudou os PMs a localizar Anderson e a filha e “não chegou a presenciar a abordagem policial em relação ao autor", ou seja, não viu a ação dos PMs, mas teria escutado "os policiais proferindo os dizeres típicos de abordagem”.

“Eu me senti uma pessoa muito vulnerável ali. No momento em que eles chegaram, que me abordaram daquela forma, eu já pensei em racismo. Você tira uma filha dos braços do pai, espanca ele na frente da filha e ainda imputa um monte de crime em cima dele", questiona Anderson.

Em um vídeo gravado por um morador da cidade, é possível ouvir o barulho de tiros. Os tiros foram no cachorro de Anderson. No boletim de ocorrência, os policiais relataram que ele deu ordens de ataque ao cão em direção à equipe.

Anderson ficou 13 dias preso, nesse meio tempo, a mulher dele levou a filha para fazer exames e laudos médicos. O resultado: não houve nenhum tipo de abuso.

Por causa da ocorrência, a Promotoria de Justiça Militar de Minas Gerais denunciou Anderson por: desobediência, desacato ao superior, ameaça, resistência mediante ameaça ou violência e lesão corporal. Se condenado, a pena pode passar de oito anos.

A denúncia traz trechos muito parecidos com o boletim de ocorrência registrado pelos policiais. Durante a investigação da Promotoria de Justiça Militar, Anderson não foi ouvido. A Defensoria Pública está acompanhando o caso.

O caso foi no dia 14 de janeiro. Em junho, a Promotoria de Justiça Militar denunciou Anderson e, paralelamente, em setembro, a mulher de Anderson procurou o Ministério Público para denunciar a abordagem policial.

A pedido do MP, a Polícia Militar em Barbacena já abriu um procedimento interno para investigar a conduta dos PMs durante a ação. A representação aponta ocorrência de racismo, tortura e lesão corporal sofridos por Anderson durante a abordagem.

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