Menos de duas semanas depois de a reportagem mostrar a luta da mãe da menina Beatriz Angélica para cobrar respostas pelo assassinato da filha, que ocorreu há seis anos, em Petrolina, no sertão de Pernambuco, as autoridades anunciaram ter identificado o autor do crime.
O assassino, segundo a polícia, é Marcelo da Silva, de 40 anos. Ele foi identificado por meio do material genético encontrado no cabo da faca usada no crime. A polícia já tinha esse material genético desde 2015, mas só agora ele foi incluído no banco de perfis genéticos do estado. Segundo a perita Sandra Santos, que esteve à frente da polícia científica durante a investigação do caso, isso aconteceu porque até então o material não cumpria os requisitos necessários para a inclusão no banco.
"Ao longo dos anos, a gente foi trabalhando na melhoria da qualidade desse perfil. A ciência, a tecnologia do DNA, avança e os peritos criminais avançam também. Então, esse perfil trabalhado, melhorado, agora recentemente permitiu que a gente alimentasse o nosso banco de DNA. E, no momento que a gente colocou, o banco apontou esse rapaz, o criminoso. A verdade é essa", explica.
A reportagem teve acesso com exclusividade ao conteúdo do interrogatório de Marcelo, que confessou ter cometido o crime. No início do interrogatório, quando é confrontado com imagens dele na porta do colégio, ele nega, mas depois reconhece que é ele que aparece tentando roubar uma moto, e diz que estava sem dinheiro para voltar pra casa.
"Aquela mexida na moto, eu não sei se é o instinto de ladrão ou era a vontade de ir pra casa. Se aquela moto pegasse, eu iria pra casa. Se ela pegasse, tinha evitado essa tragédia aí", contou ele.
Ele afirma que não lembra onde conseguiu a faca, que estava alcoolizado e que, inicialmente, teria confundido o colégio com uma igreja. Ele chegou a ser barrado, mas teria voltado para beber água. Segundo ele, foi nesse momento que encontrou Beatriz perto do bebedouro, que ficava próximo ao depósito onde o corpo dela foi encontrado. A menina teria percebido que ele carregava uma faca.
"Ela disse: 'você está com uma faca aí'. Aí eu gritei 'cala a boca'. Aí eu, com medo de ela correr, disse 'entra aí'. Aí botei ela para dentro do quarto. Eu disse 'fique caladinha, não saia, não, enquanto eu não for embora. Eu já estou indo embora, fique bem quietinha'. Aí sabe o que aconteceu? Ela começou foi a gritar", fala o criminoso.
Marcelo diz então que teria ficado com medo de descobrirem que ele estava com uma faca por causa dos gritos da menina e, por isso, teria decidido atacá-la.
Nesta sexta-feira (14), os pais de Beatriz tiveram acesso ao depoimento. Os pais acreditam que Marcelo realmente seja o assassino de Beatriz, mas defendem que muitas perguntas ainda precisam ser respondidas.