ESCRITÓRIO DO CRIME USOU TECNOLOGIA PARA PLANEJAR MORTE DE CONTRAVENTOR
Principais notícias do Dia
Publicado em 01/02/2022

Desde julho de 2019, portanto, sete meses antes do assassinato do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020, já havia um plano para matá-lo. A conclusão consta na denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) que aponta o ex-presidente da Unidos de Vila Isabel, Bernardo Bello, como mandante do crime. Para planejar e executar o alvo, de acordo com a promotoria, Bernardo contratou o 'Escritório do Crime', grupo de matadores de aluguel. Um dos acusados usou a tecnologia como aliada, monitorando a vítima com drones e pesquisando endereços pelo Google Maps. Bernardo foi preso numa ação conjunta do MPRJ, Interpol e as polícias Federal e Civil, no último dia 28, na Colômbia.

Investigações:  Preso na Colômbia, Bernardo Bello já presidiu escola de samba e tinha íntima relação com ex-capitão Adriano da Nóbrega

Em julho de 2019, de acordo com a denúncia do MPRJ, Bernardo Bello "já falava abertamente com um interlocutor" sobre a disputa pelo controle da contravenção na Zona Sul do Rio, tendo como desafetos Bid e a sua sobrinha, Shanna Harrouche Garcia. Ela é filha de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, morto em 28 de setembro de 2004, quando saía de uma academia de ginástica na Freguesia, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.

Conversas extraídas de três celulares do agente penitenciário Altamir Senna Oliveira Júnior, o Mizinho, suposto cúmplice de Bernardo, revelaram a briga na família Garcia. Os aparelhos foram apreendidos após o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa do primeiro. Segundo o MPRJ, nos telefones de Altamir Senna, Bernardo aparece identificado como "Play". O ex-presidente da Vila Isabel é ex-marido de Tamara Harouche Garcia, irmã de Shanna. Apesar de separado da filha de Maninho, Bernardo mantém a ascendência sobre parte da família nos negócios da contravenção, conforme a investigação da promotoria.

De acordo com as transcrições das conversas nos celulares do agente penitenciário, o foco dos diálogos entre Bernardo e Altamir Senna era Bid, chamado por eles de "Titio" e de "Bide". Num dos diálogos, Bernardo diz: "Meu foco é Bide". Altamir Senna lhe responde: "Irmão, ontem expliquei o que vai acontecer com ele". Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, nas mensagens "fica evidente que, apesar de empregarem linguagem cifrada, ambos interlocutores são delinquentes profissionais, que fazem da criminalidade seu único meio de vida".

Contraventor Bernardo Bello, ex-presidente da Vila Isabel, foi ao exterior para fugir da Justiça, diz MP

Bernardo lança mão do serviço de dois membros do ‘Escritório do Crime’, os irmãos Leandro Gouvêa da Silva, o Mad; e Leonardo Gouvêa da Silva, o Tonhão; e eles passam a praticar o que faziam de melhor que era o monitoramento do alvo, mapeando as vulnerabilidades na rotina — comentou o coordenador do Gaeco/MPRJ, Bruno Gangoni, durante uma coletiva nesta segunda-feira, na sede do MPRJ.

Comentários