Entre as vítimas do incêndio que deixou 20 feridos no Mavsa Resort, em Cesário Lange (SP), está o bombeiro civil Gabriel Lopes, de 22 anos. Segundo o pai, quatro dias após o ocorrido, Gabriel segue internado na UTI de um hospital de Sorocaba, com 20% do corpo queimado.
O bombeiro estava escalado para trabalhar no evento no resort de luxo no dia do incêndio e, de acordo com o pai Edivaldo Martini Ramos, acabou sofrendo as queimaduras ao tentar salvar as vítimas do fogo.
"Ele sofreu as queimaduras devido à ação dele, à atitude dele de tirar todo mundo do local. Até onde a gente conseguiu levantar as informações, ele ficou próximo ao fogo, no meio do fogo, para resgatar todo mundo, um por um", conta o radialista.
O incêndio foi registrado na noite de segunda-feira (21), em um espaço reservado para shows e eventos dentro do Mavsa Resort. Vinte pessoas foram levadas para unidades de saúde de Cesário Lange e Tatuí, com queimaduras e por terem inalado grande quantidade de fumaça.
Até esta sexta-feira (25), cinco pessoas permaneciam internadas em hospitais da região, sendo quatro em estado grave. Entre os feridos, também estão o baixista e o tecladista da Banda Arquivo, que tiveram 60% do corpo queimado.
"Os músicos ficaram na intenção de resgatar os equipamentos, e o Gabriel ficou insistindo para que eles saíssem, e já havia caído o teto do palco em cima deles. Então essas são as pessoas que ficaram em situações mais graves. Ele inalou muita fumaça, queimou 20% do corpo, principalmente rosto, pescoço, peito, braços e mãos", afirma Edivaldo.
Apesar da gravidade dos ferimentos, o radialista contou que o filho está recebendo todos os cuidados no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e que apresentou melhora.
A esposa de Gabriel, Raiane Camargo, explicou que o bombeiro está intubado e precisou fazer uma limpeza no pulmão. “O que mais nos preocupa é a via aérea dele, que foi realmente muito queimada, mas ele está aceitando muito bem o tratamento”, relata.
O Mavsa Resort informou que todos os pacientes internados são funcionários do hotel e integrantes da banda que se apresentava no espaço. Conforme a empresa, não há hóspedes entre os feridos.
Investigação
A Polícia Civil está investigando as causas do incêndio no Mavsa Resort. O delegado Silvan Renosto afirmou que vai apurar se o uso de fogos de artifício provocou as chamas, mas que nenhuma linha de investigação é descartada.
Nesta quinta-feira (24), ele começou a ouvir testemunhas do caso, sendo dois policiais militares que atenderam a ocorrência, um técnico da equipe de segurança do hotel e uma bailarina. A previsão é de que 15 pessoas prestem depoimento nos próximos dias.
De acordo com o delegado, o incêndio pode ter sido causado por "um incidente com algum equipamento ou realmente alguma ação de alguma pessoa que seja imprudente, como equipamento usado de forma incorreta, ou fogos de artifício e artefatos pirotécnicos não autorizados, ou mal executados".
O pai do bombeiro Gabriel disse que soube, de um gestor do Mavsa Resort, que o fogo foi provocado pela falha em uma máquina que "lança fagulhas". O filho dele era o responsável por acionar o equipamento de pirotecnia.
"Um desses lançadores foi disparado mais alto e atingiu o forro. O fogo se espalhou e o teto do palco desabou. [...] O Gabriel já tinha operado esse equipamento e reforço que ele não teve responsabilidade direta com o ocorrido. Ele simplesmente é designado, pela liderança dele, para fazer esse trabalho", conta Edivaldo.
O delegado responsável pelas investigações informou que ainda vai ouvir as pessoas que ficaram feridas, assim que elas tiverem alta médica, e que as perícias feitas no resort vão dar uma base técnica para direcionar a investigação. O laudo deve sair em cerca de 30 dias.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra parte do show momentos antes do fogo. Cerca de 40 pessoas estavam no salão no momento do incidente.