ACUSADA DE LAVAR DINHEIRO PARA O TRÁFICO E A MILÍCIA OSTENTAVA NAS REDES SOCIAIS
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Publicado em 28/03/2022

Nascida em Alcântara, cidade que fica a cerca de 100 quilômetros de São Luís do Maranhão (MA),  Naly Pires Diniz, de 31 anos, era de família pobre até seis anos atrás. Bastou conhecer Marcelo Clayton Alves de Sousa para a vida de ambos mudar. À época, ela era estudante do ensino médio, ele, supervisor de vendas comercial em Balsas, a 886 quilômetros da casa dela. Se apaixonaram e decidiram se casar. Anos depois, o casal que, segundo a polícia,  teve uma ascensão social meteórica, foi acusado de chefiar um bando que lava dinheiro da milícia e do tráfico de drogas da principal organização criminosa do Rio. Conforme relatório da Polícia Civil, o grupo contava com, pelo menos, 107 laranjas. Ambos moram na Argentina e estão foragidos.

Antes de ser alvo da Polícia Civil e da Justiça, Naly passou a comprar roupas caras e a viajar para diversos países, ostentando pelas redes sociais. A mudança de comportamento aconteceu da noite para o dia. De perfil discreto, Naly se transformou numa mulher que gostava de exibir, postando as viagens que fazia pela América Latina, Europa e Estados Unidos. Também publicava fotos vestida com roupas que custam mais de R$ 6 mil a peça e bolsas de grifes que passam dos R$ 15 mil cada. Só em uma de suas redes sociais, ela tem mais de 24 mil seguidores.

De acordo com os investigadores,  Naly aparece como sendo sócia do marido em quatro empresas: a Bueno Aires Assessoria Empresarial e Viagens LTDA, a RMC Assessoria Empresarial LTDA, a B2 Assessoria Empresarial e Serviços Digitais Eireli e a Bueno Serviços Financeiros LTDA. Todas essas empresas movimentaram bilhões entre 2019 e 2021.

Em consulta ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a Polícia Civil descobriu que Naly nunca teve vínculo trabalhista com nenhuma empresa e, sequer, uma carteira assinada por qualquer tipo de emprego. Mas, segundo o relatório de investigação da Delegacial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil, a quadrilha movimentou R$ 3 bilhões em três anos.

A Polícia Civil sustenta que a mulher é usada como laranja do marido para os crimes que ele comete. A Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ) desencadearam, na última quarta-feira, a Operação Mercador de IIlusão, que tinha oito alvos da quadrilha. O juiz da 1ª Vara Criminal Empresarial, Marcello Rubioli, determinou a prisão dos acusados, o cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 681 milhões nas contas dos integrantes do bando e o arresto de bens.

 

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