Não durou muito a permanência do ex-governador Sérgio Cabral na cela de 5,53 metros quadrados em Bangu 1, na Zona Oeste. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liminar determinando a transferência dele da penitenciária de segurança máxima. Na noite desta quinta-feira, após dois dias no Complexo de Gericinó, ele foi levado para o 1º Grupamento de Bombeiro Militar, no Humaitá, na Zona Sul do Rio. Desde o início da semana, é a terceira prisão para qual o ex-governador é transferido.
Inspeção e mordomias
Preso desde novembro de 2016, Sérgio Cabral cumpria pena até o início desta semana no Batalhão Especial Prisional, administrado pela Polícia Militar. O ex-governador estava na unidade pois uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal determinava que ele ficasse afastado de pessoas que delatou em seus processos. Nos últimos dois meses, uma fiscalização da Justiça do Rio encontrou diversas irregularidades na "ala dos oficiais" do batalhão, onde estava Cabral e outros policiais militares presos — entre eles o tenente-coronel Claudio Luiz, condenado pela morte da juíza Patrícia Amiero.
Entre as irregularidades que sugerem que os presos viviam com regalias, estão acesso à internet, uma máquina de lavar e secar roupas e até pedidos de comida por aplicativo. Os flagrantes foram usados como embasamento pelo juiz-corregedor da Vara de Execuções Penais, Bruno Rulière, para transferir cinco policiais e o ex-governador Sérgio Cabral para o presídio de Bangu 1.
Os fiscais também encontraram nas celas de Cabral e do tenente-coronel chuveiros com um sistema próprio de aquecimento de água. Na cela do ex-governador, ainda foram achadas embalagens de uma churrascaria que tem lojas na Lagoa e Leblon, Zona Sul do Rio. As circunstâncias em que foram encontradas "indicam que foi permitida a entrada dos produtos pela administração da unidade", diz trecho do relatório da fiscalização.
No alojamento do ex-governador, foram encontradas ainda toalhas com seu nome bordado. O teto tinha revestimento de isopor e o piso emborrachado.