FILHA DE SUSPEITA DE ENVENENAR ENTEADOS DIZ TER VISTO LÍQUIDO ESVERDEADO EM PRATO
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Publicado em 26/05/2022

A filha de Cíntia Mariano – a madrasta suspeita de ter envenenado os dois enteados –, prestou depoimento na sexta-feira (20), na 33ª DP, em Realengo, e contou que havia algo estranho com o feijão de Bruno Cabral, o jovem de 16 anos que passou mal, foi internado, mas sobreviveu.

Para o delegado Flávio Rodrigues, que cuida do caso, ela contou que reparou em Bruno separando a comida, e que sua mãe perguntou se ele queria trocar o prato. Na sequência, pegou o prato do jovem, colocou mais feijão e devolveu para ele comer.

"A declarante viu no prato de Bruno um liquido esverdeado escuro e brilhoso no fundo do prato, mas na hora não viu relevância nenhuma por acreditar ser tempero da comida", diz trecho do documento a que a TV Globo teve acesso.

Jovem que morreu ingeriu banana com granola

O depoimento traz ainda impressões de Carla no dia em que Fernanda Cabral, que morava com ela e sua família passou mal. Ela revela que a jovem de 22 anos começou a sentir-se diferente depois de comer uma banana com mel e granola.

“Em relação a morte de Fernanda, a declarante sabe informar que a mesma passou mal após fazer um lanche. Que Fernanda não comia a mesma comida que todos na casa, pois fazia dieta. Que Fernanda fez um lanche (banana com mel e granola) e em seguida foi deitar. Foi quando começou a passar mal. Que Fernanda falou que estava passando muito mal, que não estava enxergando e que as pernas estavam muito pesadas”, diz outro trecho do documento.

O delegado Flávio Rodrigues também já ouviu o depoimento do médico que atestou o óbito de Fernanda Cabral, mas este foi pouco esclarecedor, já que o profissional disse que apenas ajudou uma colega sem carimbo a assinar o documento de morte da jovem.

Intoxicação do outro filho levantou suspeitas

As suspeitas sobre a morte de Fernanda Cabral no dia 27 de março - cuja morte foi atestada como sendo por causas naturais - , só surgiram quando o irmão dela, Bruno, de 16 anos, começou a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta, no dia 15 de maio.

No local, ele reclamou de ter recebido um feijão amargo e com algumas pedrinhas azuis. Em casa, com mãe, e já se sentindo mal, falou sobre o alimento.

No hospital, Bruno foi submetido a uma lavagem estomacal e a um exame de sangue que detectou níveis altos de chumbo em seu sangue.

Com a suspeita de que os filhos foram envenenados, Jane Carvalho Cabral, mãe dos jovens, registrou queixa na 33ª DP, em Realengo, que iniciou buscas na casa da madrasta.

A coincidência levantou suspeitas, gerou registro de ocorrência e investigação na 33ª DP, em Realengo.

"Ele já veio de lá com uma ansiedade, bem preocupado e achando que tinha acontecido algo estranho porque quando reclamou do feijão amargo de pedrinhas azuis, ela arrancou o prato da mão dele, colocando mais feijão e entregando pra ele depois. Quando ele veio pra cá, veio perguntando como fazia pra vomitar. Mais ou menos uns 40 minutos depois, começou todo o desespero que foi o que a Fernanda sentiu. Na mesma hora eu imaginei que o gosto amargo desse feijão poderia ser o suposto veneno", contou a mãe dos jovens.

Investigações

O delegado trabalha com o depoimento de Bruno - que contou sobre o feijão amargo e com pedrinhas azuis - e com a fala de um filho biológico de Cinthia: ele disse que a mãe confessou ter envenenado os enteados.

A polícia também analisou o feijão da casa de Cíntia. O resultado não apontou nenhuma substância tóxica. Mas a investigação não considerou a análise conclusiva, já que o feijão pode ser diferente do que Bruno comeu.

O delegado Flávio Rodrigues também pediu a análise de um remédio antipulgas encontrado na casa. Ele ainda vai se debruçar sobre o prontuário médico de Fernanda Cabral, com mais de 170 páginas, e espera interrogar os médicos que atenderam a jovem nos próximos dias.

Uma exumação do corpo de Fernanda, que teve a morte atestada por causas naturais na época, também deve acontecer em breve.

Madrasta teria confessado crime ao filho

Na delegacia, Cíntia se manteve em silêncio, seguindo orientações do advogado. Mas em outro depoimento, um filho biológico de Cíntia contou à polícia que a mãe confessou ter envenenado Fernanda e Bruno com chumbinho, que é veneno usado para matar ratos.

"Uma mulher dessas não pode nem ser chamada de ser humano, isso é um monstro. Essa pessoa entrou na nossa vida quando meu filho tinha 4 anos de idade. Fazer isso com a irmã e depois fazer com meu filho, isso não é um ser humano, não é um ser humano", disse Jane Cabral, mãe dos jovens.

O advogado Carlos Augusto Santos, que representa a suspeita de envenenar os dois enteados com chumbinho no feijão, num intervalo de dois meses, disse que sua cliente se “declara inocente” e que “em nenhum momento informou ou confirmou o fato”.

 

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