Após confessar ter matado a administradora Cecília Haddad, morta em 2018 na Austrália, durante seu depoimento no Tribunal do Júri, o engenheiro Mário Marcelo Santoro, de 45 anos, foi condenado a 27 anos de prisão. A sentença foi divulgada durante a madrugada desta quinta-feira (22).
Santoro foi condenado por homicídio qualificado: por motivo torpe, asfixia, feminicídio e ocultação de cadáver. O advogado de defesa do acusado disse que vai recorrer da decisão.
Cecília foi asfixiada em sua casa e teve o corpo abandonado em um rio em Sidney. Durante o segundo dia de julgamento do caso, no Tribunal do Júri da Justiça Federal do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (21), Mário disse se arrepender do que fez e chorou ao lembrar do dia da morte da ex.
João Miller Haddad, irmão de Cecília, disse que as lágrimas do engenheiro eram falsas.
"Ficamos muito emocionados e chocados de ver a desfaçatez dele e a frieza que ele tem de chorar ali e no instante seguinte parou de chorar. Quando houve outro questionamento, as lágrimas pararam, ele mudou a cara e deu para ver que foi falsidade dele".
"Todo aquele choro fingindo se arrepender do que fez. Foi tudo falso", comentou João Haddad.
Ainda durante a audiência, Santoro pediu perdão à família da ex e disse que tenta entender por que matou Cecília. Marcelo contou que houve uma briga quando ele foi buscar o passaporte na casa de Cecília porque tinha um voo para o Brasil no dia seguinte. Ele disse que foi tentar falar com Cecília, quando apertou o pescoço dela, e ela caiu.
"Peguei o pescoço dela, apertei muito forte", disse ele na audiência.
"Nessa hora, eu fui em direção, na tentativa de calar a boca dela, mas, infelizmente foi quando houve a tragédia."
Nesse momento, o engenheiro chorou e disse que tentou socorrê-la, mas ela não resistiu.
"Caiu molinha nos meus braços, não lembro se ela chegou a bater a cabeça no chão. Peguei ela, desesperado e coloquei no sofá (...) Ela não acordava (chora muito). Tentei fazer massagem nela, não sei se fiz certo ou não, para ver se ela acordava. Eu fui lá para pegar o passaporte e, infelizmente, deu tudo isso", disse o réu.
Santoro disse ainda que se desesperou com a situação.
"Saí de lá desesperado, confesso ao senhor que teve um período aí que, se o senhor me perguntar, eu não vou saber explicar, de tão desesperado, sem acreditar no que aconteceu. O que está no documento do MP (Ministério Público) vai explicar muito melhor. Não tenho nem como tirar nada dali. São dados e provas."
O engenheiro disse que quando chegou ao Brasil procurou três psiquiatras e psicólogos para entender por que mantou a ex-namorada. Santoro também pediu perdão a sua família e aos amigos pelo crime.
Por volta das 12h45, da quarta-feira (21), Maria Müller, mãe de Cecília, passou mal e precisou ser retirada do plenário.
O crime
De acordo com as investigações da polícia australiana, Santoro asfixiou Cecília em casa e jogou o corpo dela no rio Lane Cove, em Sidney, a 8,3 quilômetros da casa onde ela morava. Ao corpo dela, ele chegou a amarrar pesos.
Após o crime, Santoro pegou o carro de Cecília foi até em casa, trocou de roupa e abandonou o veículo numa estação ferroviária. Depois, arrumou as malas e retornou ao Brasil.
O engenheiro chegou ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, no dia seguinte, 29 de abril, duas horas depois do corpo de Cecília ser encontrado na Austrália.