O pai da menina Kimberly de Almeida Souza, de 7 anos, disse à Itatiaia nesta segunda-feira (26) que colocou a mão para tentar proteger a filha, que morreu baleada em um ponto de ônibus no Barreiro, em Belo Horizonte, nesse domingo (25). Gilglesias Ottoni Almeida Souza, 33 anos, que também foi atingido, contou que a bala atravessou a mão, o corpo da filha e ainda atingiu a coxa dele. Aos prantos, ele foi liberado do hospital para acompanhar o enterro de Kimberly.
“Proteger minha filha. Isso era o meu dever. Coloquei a mão na frente”, disse, chorando bastante. Gilglesias contou que a rua Joaquim Marques, no bairro Mangueiras, estava cheia de moradores, como acontece normalmente aos domingos. No entanto, uma caminhonete começou a passar em alta velocidade pelo local, o que deixou as pessoas assustadas.
“Como o ponto de ônibus é bem rente à rua, falei 'vou tirar minha filha porque, se esse cara tremer no volante, vai atropelar nós (sic) aqui no ponto de ônibus”, lembra o homem, que abraçou a filha para sair do local.
“Levantei, abracei ela, para poder sair de lá com ela. Só escutei os tiros. Ela só falou: aí, pai. Vi minha mão sangrando e já não vi mais nada”, lembrou. “Escutei um só (tiro). Atravessou eu (sic), ela e parou na minha coxa”, acrescentou.
Separado, Gilglesias confirmou à Itatiaia que a mãe de Kimberly tem problema com drogas e, por isso, criava a filha sozinho. O homem ainda admitiu ter cometido crimes no passado, mas destacou que não tinha envolvimento com nada de errado, justamente pela filha.
“Uma criança de sete anos, não tem nada a ver com nada. Muitas mídias falam que ali é boca de fumo. Ali não é boca de fumo. É ponto de ônibus. A rua estava cheia, era domingo de tarde”, disse o pai, que tenta superar a tragédia.
“Minha ficha ainda não caiu. Pra mim, ela está no hospital e tudo. Tentar tirar força. Só isso”, concluiu.
Tráfico
Desavenças por conta do tráfico de drogas na região do Barreiro podem ter causado a morte de Kimberly. Conforme a polícia, a confusão começou por conta de um homem que estava andando nas ruas do bairro procurando por um desafeto relacionado ao tráfico de drogas. Ao ver o inimigo passando na rua em uma caminhonete prata, o suspeito teria disparado, iniciando o tiroteio. Gilglesias e a filha não tinham relação com os envolvidos.
Tórax
As duas vítimas foram socorridas por um vizinho e levadas para a UPA Barreiro. A criança, atingida no tórax, chegou a dar entrada com vida na unidade, mas morreu. O pai teve um ferimento na cintura e foi levado para o Hospital João XXIII.
Investigação
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou, por meio de nota, que instaurou inquérito para apurar a morte. "Até o momento, não houve prisão de possíveis envolvidos. A autoria, motivação e circunstâncias do crime estão sendo investigadas pelo Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)", finalizou.