VÍTIMAS DENUNCIAM GOLPE DE FALSA CORRETORA DE IMÓVEIS NA GRANDE BH
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Publicado em 09/07/2023

Uma corretora de imóveis é acusada de aplicar dezenas de golpes na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A mulher teria feito pelo menos nove vítimas e causado prejuízos de mais de R$ 200 mil. A suspeita comprava e vendia imóveis e não pagava os valores para os proprietários. As vítimas também acusam uma secretária e o marido da mulher de participarem do esquema.

A suspeita agia de duas formas: ela comprava um imóvel, combinava com a vítima que iria pagar o valor parcelado e desaparecia, sem pagar a quantia combinada. Mesmo sem pagar, ela revendia o imóvel, mesmo sem fazer a transferência da documentação. Quando a vítima ia cobrar pelo pagamento, ela descobria que o imóvel já estava nas mãos de outro dono.

A segunda maneira que a suspeita atuava era através da venda de imóveis. Ela é acusada de não entregar o imóvel vendido, mesmo após o pagamento. Segundo uma das vítimas, o lavador de peças Wisterley Pereira, de 35 anos, a suspeita usava de uma relação de confiança e proximidade para enganar as vítimas. "Ela era minha vizinha, era da igreja, me falava muito de Jesus. Ficamos próximos. O marido e a mãe dela foram testemunhas do meu casamento", conta.

"Nunca consegui acesso ao lote"

Wisterley diz ter comprado um lote na cidade de Jaboticatubas, em 2019, direto com a corretora. "Ela me vendeu um lote por R$ 50 mil, mas disse que eu poderia começar a pagar quando conseguisse um emprego. Eu estava desempregado na época", afirma. "Eu cheguei a pagar R$ 6 mil, mas depois quis desfazer o negócio, porque vi que não ia conseguir pagar tudo. Ela me disse que eu podia ficar com metade do terreno, mas nunca consegui ter acesso ao lote".

O lavador de peças conta que apenas quer que o valor pago seja devolvido. "Eu já cobrei várias vezes, mas agora não tenho mais o contato dela. Consegui três audiências de conciliação na justiça, mas ela não apareceu em nenhuma", diz.

Ameaças

O desejo de Wisterley é o mesmo da faxineira Liliane Araújo, de 36 anos. A vítima conta que morava no bairro Morro Alto, em Vespasiano, quando decidiu vender o apartamento em 2020. "Eu decidi vender porque o bairro estava muito perigoso, precisava sair de lá. Uma colega que trabalhava com essa corretora me indicou ela. Ao invés de vender o meu apartamento, eu troquei ele por um lote", relata.

O lote que está no bairro São José de Almeida, também em Vespasiano, nunca foi passado para o nome de Liliane. "Eu ia construir uma casa lá. Quando fui começar a preparar para iniciar a obra, o verdadeiro dono apareceu. Não consegui ficar lá e meu apartamento já tinha sido revendido para outra pessoa", conta.

Sem ter onde morar com os três filhos, com idades entre 8 e 13 anos, Liliane pediu o apartamento de volta. "Como ela já tinha vendido o meu apartamento, ela me deixou ficar em uma casa no mesmo lote de uns parentes. O problema é que lá eu comecei a ser ameaçada constantemente. Tentam forçar a minha saída de qualquer jeito. Mas eu só saio quando me pagarem o valor do apartamento", desabafa.

Eu entrei em depressão, estava desempregada, recém-separada. Meu filho de 12 anos já não mora mais comigo porque tem medo do que pode acontecer. Aqui, não podemos fazer nada, tudo incomoda. Meus filhos não podem nem brincar.

A faxineira conta que já teve a água cortada por mais de 20 dias, sofreu falsas denúncias e ameaças. "Parentes dela já bateram na minha porta e disseram que iam derrubar a minha casa comigo e com os meus filhos dentro se eu não saísse. Isso só parou quando fiz um boletim de ocorrência. Eles também já denunciaram para a polícia que eu estava batendo nos meus filhos, mas eu estava no trabalho. São várias situações", conta.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, um inquérito foi aberto para investigar a corretora. A Itatiaia tentou entrar em contato com a suspeita e com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais, mas não obteve resposta.

 

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