AGÊNCIA SUSPEITA DE GOLPE EM VENDAS DE CARROS É ALVO DE OPERAÇÃO
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Publicado em 18/10/2023

Agentes da 3ª delegacia da Polícia Civil de Santa Luzia desencadearam, na manhã desta quarta-feira (18), operação contra o responsável pela CredCar Automóveis, que tem sede na cidade da Grande BH. Ele é investigado por estelionato. O caso foi revelado em primeira mão pela Itatiaia, no fim de setembro.

Clientes procuraram a Itatiaia para denunciar que a CredCar Automóveis vendia carros, não entregava e ficava com o dinheiro dos compradores. Nesta quarta (18), os agentes cumprem mandados na sede da agência e na casa do proprietário da CredCar Automóveis. A Polícia Militar (PM) apoia a operação.

Conforme apuração da Itatiaia, que acompanha os trabalhos, os agentes descobriram que uma central de telemarketing para captação de clientes funcionava no segundo andar do prédio da CredCar Automóveis.

Clientes disseram à Itatiaia em setembro que a CredCar Automóveis postava anúncios pelo Marketing do Facebook para atrair possíveis compradores. Em seguida, o cliente era convidado para ir à loja fechar o negócio. Ele escolhia o veículo, dava uma entrada e assinava o contrato de financiamento, com a promessa de entrega do carro em até 30 dias. No entanto, segundo os clientes alegam, o contrato não era cumprido, e os compradores ficavam sem os veículos e com o valor do financiamento para quitar.

A Itatiaia apurou que há mais de vinte processos contra a empresa em andamento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), além de dezenas de queixas no site Reclame Aqui. O proprietário da empresa nega.

Processos

Em um dos processos contra a CredCar Automóveis na Justiça de Minas, uma cliente relatou que foi abordada por um vendedor da empresa após visualizar o anúncio no Facebook. O funcionário ofereceu um modelo Ford Ka, ano 2006, mas ela gostou de um Gol, 2005, após receber fotos pelo WhatsApp.

“Na loja da ré, prepostos informaram à autora que, em 30 dias após assinatura do contrato e pagamento da entrada, a autora poderia ver e retirar o veículo comprado. Enganada, acreditando na boa-fé da ré, a autora assinou o contrato em que estariam descritas as condições pactuadas presencialmente com os prepostos da ré, dentro da loja física. Passados os 30 dias prometidos para entrega do veículo contratado, a autora, ao solicitar providências, começou a perceber que havia sido vítima de um golpe”, descreve trecho da ação.

Palio

Em outro processo, um cliente explicou que fechou contrato para aquisição de um Fiat Palio 2008, pelo valor de R$ 16 mil, sendo R$ 1.150 de entrada e parcelas de R$ 466,66, mas não recebeu o bem.

“Nesse período, o requerente pagou a primeira parcela no dia do vencimento. Contudo, após os 32 dias, a parte ré não entregou o veículo. E informou ao requerente que somente seria entregue o veículo após o pagamento de 1 a 50% (um a cinquenta porcento) do valor do veículo, descumprindo com o acordado verbalmente.”

“O requerente tentou contato inúmeras vezes com a requerida, sobre a entrega do bem ou rescisão do contrato, contudo, sem êxito. Não obstante, o requerente tomou conhecimento que a empresa ré operava golpe no mercado, em desespero total, fez pesquisas na internet e verificou alguns comunicados de pessoas que afirmam serem vítimas da mesma empresa, relatando os mesmos fatos anunciados pelo autor”, destaca trecho da ação.

O juiz responsável pelo caso concedeu liminar determinando a suspensão da cobrança das parcelas.

Outro lado

Em setembro, o proprietário da agência negou irregularidades e disse que a liberação dos carros ocorria somente após avaliar o grau de risco do negócio com cada cliente.

“Quando o cliente chega, a gente passa a ficha dele para ver se ele se encaixa em algum financiamento bancário. Se não for o caso, a empresa faz a proposta de empréstimo, com base no veículo que ele quer. Só que a gente frisa que, para o comprador retirar o veículo de imediato, ele tem de pagar o percentual de 50% do valor”, diz.

Ele explicou, ainda, que a avaliação é individual e considera vários fatores, como valor da entrada e do carro desejado. “Tem cliente que quer um carro de R$ 10 mil e dá uma entrada de mil. Então, fica fácil faturar. Mas também tenho cliente que quer carro de R$ 50 mil, mas tem uma entrada de mil. Vai retirar o veículo? Vai, mas tenho que fazer a análise para verificar o grau de risco, percentual de pagamento, para depois fazer a entrega”, afirma.

O proprietário destacou, ainda, que considera o percentual de reclamações pequeno, uma vez que fecha média de vinte contratos por dia em apenas uma modalidade de empréstimo.

 

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