NEBLINA PODE TER DESORIENTADO PILOTO DE HELICÓPTERO QUE CAIU
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Publicado em 13/01/2024

As causas da queda do helicóptero encontrado, nesta sexta-feira (12), em uma área de mata fechada, em Paraibuna, cidade a cerca de 125 km de São Paulo, ainda serão investigadas. Porém, de acordo com o coordenador dos cursos de aviação do Centro Universitário Una, em Belo Horizonte, Kerley Oliveira, é possível elencar algumas hipóteses.

A aeronave foi encontrada após 12 dias de buscas. Ela havia saído do Campo de Marte, em São Paulo, na tarde do dia 31 de dezembro, em direção a Ilhabela, no litoral do estado. Os quatro ocupantes morreram no acidente.

Antes da queda, o helicóptero chegou a fazer um pouso forçado. Em um vídeo gravado por uma das passageiras, é possível ver que a visibilidade da aeronave estava completamente comprometida, devido ao mau tempo. Em uma mensagem enviada ao namorado, a vítima relatou que o local estava “perigoso” e com “muita neblina”.

Neblina atrapalhou visibilidade

De acordo com Oliveira, o helicóptero só poderia voar se tivesse visibilidade.

“Esse helicóptero é autorizado para fazer o chamado voo visual, quando o piloto olha para fora, durante todo o processo de voo. Ele usa referenciais externos para se orientar. Se estiver sobre uma área urbana, por exemplo, ele usa como referencial prédios, pontes e ruas. Se ele estiver em uma área de mata, como no caso do acidente, é mais difícil. Ele pode usar rios e montanhas para se localizar, mas como o verde é homogêneo, é mais complicado. Em princípio, o piloto não poderia voar sem esses referenciais”, esclarece.

Por isso, o especialista em aviação explica que a neblina pode ter sido um dos fatores que contribuíram para a queda.

“No caso de uma neblina, o piloto pode ser desorientar. Isso quer dizer que ele perde a referência visual e, por isso, pode causar acidentes, como se chocar contra uma montanha, por exemplo. Acredito que (a desorientação) seja uma das linhas de investigação do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos)”, afirma Oliveira.

Ainda de acordo com o especialista, um dos motivos da demora para encontrar o helicóptero são as características de voo deste tipo de aeronave.

“O avião tem uma rota mais previsível, já o helicóptero tem uma maior liberdade de voo. Ele consegue pairar no ar, mudar de direção e de altitude de forma muito mais rápida que um avião. Por isso, o voo é mais dinâmico e indefinido, principalmente em voos visuais. Isso, somado à área de vegetação, dificultou as buscas”, explicou.

Fator humano é a principal causa de acidentes aéreos

O especialista em aviação explica que um acidente aéreo sempre tem mais de um fator envolvido.

“Um acidente nunca tem uma causa única, é sempre uma junção de fatores. Todos eles são investigados e, a partir daí, o Cenipa elabora um relatório final. Esse documento pode ter (não é obrigatório) recomendações para o fabricante da aeronave, para as torres de controle ou para os pilotos. Tudo visando aumentar a segurança e evitar acidentes semelhantes”, diz Kerley Oliveira.

O profissional ressalta, no entanto, que a principal causa de acidentes aéreos é o fator humano. “A estatística mostra que cerca de 80% dos acidentes são causados pelo fator humano. Não é um problema de equipamento. Eles estão cada vez mais seguros e tecnológicos. A aviação é extremamente segura se os protocolos forem seguidos à risca. Mas, caso não, podem acontecer acidentes”, comenta.

Para o especialista é necessário capacitar ainda mais os profissionais da área. “Temos que investir em treinamento para aumentar a segurança e a percepção de risco. Às vezes o piloto acha que dá mais um ‘pouquinho’, que vai dar certo, mas é aí que os acidentes acontecem”, afirma.

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