CONSTRITORA É SUSPEITA DE DESVIAR MATERIAIS DE OBRA DE LUXO NA RMBH
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Publicado em 13/05/2024

‘O espaço que você sempre sonhou feito do melhor jeito’. O slogan é da SCA Gerenciamento e Projetos, construtora de Belo Horizonte que atende clientes de alto padrão na Grande BH. Apesar da promessa, a empresa é investigada pela Polícia Civil por transformar o sonho de vários consumidores em pesadelo, causando prejuízo que pode chegar à casa dos milhões. A reportagem constatou que a SCA é parte em 16 processos no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

A Itatiaia teve acesso a todos os casos, conversou com clientes e apurou que os sócios da empresa já foram indiciados por estelionato pela Polícia Civil. Mesmo assim, a SCA continua fechando novos contratos, inclusive para construções em condomínios de Nova Lima, da Grande BH.

Entre os clientes que acionaram a Justiça, estão um policial e um médico. Este chegou a pagar cerca de R$ 900 mil para a SCA, mas a construção da casa de alto padrão, de 455 metros quadrados, no bairro Santa Lúcia, lado Centro-Sul de BH, não foi concluída.

É o caso do médico que ilustra a primeira de duas reportagens sobre a SCA.

R$ 1,8 milhão

Conforme advogados que representam o médico, o valor do contrato firmado com a SCA , em junho de 2022, foi de R$ 1,8 milhão. A construtora teria que executar projeto feito por uma dos principais empresas de arquitetura de Belo Horizonte. Ainda de acordo com a defesa, o médico desconfiou que algo estava errado somente depois que funcionários da própria SCA o alertaram.

“A estimativa do contrato era de, aproximadamente, R$ 1,8 milhão, mas o que se percebeu foi o desvio de recursos financeiros, de materiais durante a fase inicial da construção, quando ainda estava se tratando sobre a terraplanagem, fundação da estrutura básica da casa. No entanto, foi percebida, não só a aquisição de materiais desnecessários, que não se aplicavam para essa etapa da obra, mas também quantidades absurdas de material para outros endereços de entrega”, disse o advogado Geovane Pereira Pires.

Entre esses materiais, estão 39 toneladas de argamassa, 27 toneladas de cimento, além de vasos sanitários, pisos e rejuntes. A defesa aponta, ainda, que parte do material foi entregue em um endereço de Conselheiro Lafaiete, cidade da região Central de Minas, que fica a 100 km da obra.

“Isso é possível constatar por meio de notas fiscais. Considerando que estamos tratando de uma fundação, de uma etapa estrutural bem básica de uma construção, não faria sentido contratar argamassa. No entanto, meu cliente foi compelido, digamos assim, foi induzido, a adquirir 39 toneladas de argamassa destinadas ao município de Conselheiro Lafaiete, completamente fora do destino da obra que aqui em Belo Horizonte, no bairro Santa Lúcia”, disse o advogado.

Além do prejuízo financeiro, o advogado destaca que os problemas com a obra acabaram com o sonho de uma família inteira.

“É uma construção de luxo. Na verdade, não se trata só de uma casa, mas de uma realização de um sonho. Estamos falando da casa de uma família com pais e filhos que sonharam com essa residência, contrataram um escritório de arquitetura renomado para colocar em prática a idealização desse sonho. São pessoas extremamente idôneas, de boa-fé, tanto que se viram vítimas, principalmente baseado nos levantamentos prévios, de um cenário de fraude, de desvios um cenário de pedaladas”, disse Geovane.

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