Hailton Sodré do Nascimento, 48 anos, está entubado no hospital Metropolitano Célio de Castro, região do Barreiro de Belo Horizonte, em estado grave. Hipertenso, diabético e com insuficiência renal, Hailton luta pela vida sem o apoio de familiares. Isso porque nenhum parente dele foi identificado oficialmente no ato da hospitalização. Hailton deu entrada em uma Upa da região Leste de BH no dia 23 deste mês, foi entubado e depois transferido para o Célio de Castro.
A situação de Hailton, que lembra o caso Clarinha (paciente misteriosa que ficou em coma por 24 anos e morreu em março Espírito Santo) ilustra uma realidade enfrentada por outros pacientes internados nos dois hospitais administrados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH): Célio de Castro e Odilon Behrens. Atualmente, 14 pessoas internadas nessas unidades de saúde não têm sequer um parente identificado.
Hailton é natural de Juazeiro-BA. E as poucas informações sobre ele são dadas por dois amigos, Sílvio Pereira, 49 anos, e Sílvio César, de 50, com quem ele dividia um quarto apertado em um cortiço no bairro São Lucas, na região Leste de Belo Horizonte.
De acordo com esses amigos, Hailton passou um período em recuperação do alcoolismo na Fazenda Esperança, em Coromandel, Alto Paranaíba, e voltou para Belo Horizonte recentemente. Estava bem e chegou a fazer alguns bicos, como capinar lotes.
“É amigo meu de muito tempo. Mas passou mal e foi para a Upa. Até então, estava bem. Fui lá, levei roupa para ele e ajudei ele a tomar banho. Mas voltei lá depois e ele já estava entubado. E agora estou caçando a família dele, porque nós éramos de rua”, diz o desempregado Sílvio César, que chega a chorar por causa do amigo.
O diz a PBH
De acordo a PBH, nas situações em que não é possível a identificação do paciente no ato da hospitalização, as equipes do serviço social realizam busca por familiares em toda Rede de SUS-BH. “Além disso, a Polícia Civil é contatada para a realização do Teste Datiloscópico e a inclusão do paciente na lista de pessoas desaparecidas”, informa.
Ainda conforme a prefeitura, um possível parente de Hailton foi identificado. Mas a confirmação vai ocorrer somente quando ele for ao hospital e apresentar a documentação.
Em nota, a PBH destacou ainda que o paciente sem identificação há mais tempo hospitalizado está nesta situação desde 20 de março deste ano.