Familiares e amigos de Michael dos Santos, de 34 anos, morto com um disparo de calibre 12 durante uma ação policial no último fim de semana, protestaram durante a noite desta segunda-feira (7), no bairro Jardim Leblon, região da Pampulha de Belo Horizonte. Em mensagem enviada à Itatiaia, a major Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar (PM), explicou que munição é de borracha e que o suspeito morreu após ter um mal súbito.
Revoltados com a ação policial, eles colocaram fogo em pneus e fecharam a esquina entre as ruas Coronel Antônio Lopes e Central. Bombeiros foram acionados contiveram às chamas, e não houve feridos, nem presos.
Disparo de 12
A operação que resultou na morte do homem, conhecido pelo envolvimento no tráfico de drogas na região, aconteceu no último sábado (5). Ele foi abordado por militares e resistiu. Parte da abordagem foi filmada por parentes e moradores.
As imagens a que a Itatiaia teve acesso mostram o homem chutando os militares, que usam uma “teaser” (arma de choque) para tentar contê-lo, sem sucesso. Os militares também apontam uma arma de grosso calibre em sua direção.
Outro vídeo mostra um homem afirmando que o suspeito tinha sido baleado. O momento do disparo não aparece nas imagens acessadas pela Itatiaia. Michael foi socorrido para a UPA Santa Terezinha, na região da Pampulha, mas não resistiu.
O que diz o Boletim de Ocorrência
Conforme o Boletim de Ocorrência (BO), a ação foi iniciada após uma denúncia de que Michael tinha recebido uma bolsa cinza com grande quantidade de drogas e a escondido em um bar ou em um lote que fica ao lado do estabelecimento.
Os militares foram até o local, não encontraram a bolsa no bar. Eles então questionaram a proprietária sobre o lote e foram até lá com ela. A bolsa cinza com quatro barras de maconha foi encontrada em meio ao lixo e ao entulho. Ao ser questionada, a dona do bar disse apenas que a droga era do ‘pessoal da Marrocos’, que é uma boca de fumo na região.
Ainda conforme o BO, os militares viram Michael, apontado pelo denunciante como dono da droga, e iniciaram a abordagem.
“Informado que ele era o dono do material, o autor, de forma extremamente alterada, começou a gritar os seguintes dizeres: ‘Vocês não vão me levar, ninguém vai ser preso aqui não: vocês são vermes! Vão procurar outro para forjar’”, descreve trecho do BO.
O suspeito ainda teria tentado fugir. Por isso, conforme o registro policial, foi dada voz de prisão, mas Michael resistiu e teria agredido os militares com chutes.
Os militares usaram armas de choque várias vezes, mas Michael continuou resistindo, mesmo após ser colocado dentro da viatura, impedindo com os pés que a porta fosse fechada. Além disso, o BO informa que Michael inflamava os moradores contra os policiais.
“O sargento então, certo de que a cada segundo que passava aumentava o risco a sua integridade física e de sua equipe, uma vez que Michael exercia papel de liderança no local, determinou que um dos soldados pegasse a espingarda calibre 12”, descreve o BO, que continua. “O soldado pegou o armamento e realizou um único disparo consciente e direcionado à perna de Michael na tentativa de quebrar a resistência do autor”.
O registro policial destaca ainda que Michael foi socorrido com vida e morreu 40 minutos após o início do atendimento.
O que diz a PM
Em nota enviada à Itatiaia, a Polícia Militar informou, por meio do 49º Batalhão, “que diante da resistência ativa imposta pelo preso, de acordo com o Reds registrado, foi necessário o uso de força para contê-lo. A Corregedoria acompanhou o registro da ocorrência e que os fatos, bem como suas circunstâncias, serão devidamente apurados, em conformidade com a Lei”.