Monark é condenado a 1 ano de prisão por chamar Flávio Dino, ministro do STF, de ‘gordola’
Principais notícias do Dia
Publicado em 09/10/2024

O influenciador Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, foi condenado a um ano, um mês e 11 dias de prisão, em regime inicialmente semiaberto, pelo crime de injúria contra o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão judicial foi tomada em 2 de outubro pela juíza federal Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo (SP). Além de condenar o produtor de conteúdo à prisão, a magistrada determinou que Monark pague uma indenização no valor de R$ 50 mil ao ministro.

A pena ainda teve um agravante pelo fato do crime ter sido cometido contra um “funcionário público, em razão de suas funções”. À época dos fatos, Flávio Dino era ministro da Justiça e Segurança Pública.

Dino processou o influenciador após ser ofendido em uma transmissão ao vivo do canal “Monark Talks”, e divulgado na plataforma Rumble, em 17 de maio de 2023. Na ocasião, Monark comentava sobre um massacre que havia acontecido em uma creche em Blumenau (SC). Em 5 de abril daquele ano, um homem invadiu a escola e matou quatro crianças com uma machadinha. Outras cinco ficaram feridas.

Durante a transmissão, Monark passa a exibir um vídeo de Flávio Dino em uma reunião com representantes de plataformas digitais. No encontro, Dino dizia que não iria permitir “uma epidemia de assassinatos em escola por causa dos termos de uso do Twitter”.

O influenciador paralisou o vídeo e acusou o ministro de “censura”.

“Olha o que esse Dino faz, olha o quão perverso é a mente de um homem, o quão malicioso e maldito é a mente desse cara. O cara está pegando crimes que aconteceram em escolas, envolvendo crianças, e tá usando a morte dessas crianças para justificar tirar a liberdade da população. (...) Isso é maracutaia política que ele tá fazendo. Mas é muito perverso o que ele tá fazendo. Esse é um cara que tem nenhum escrúpulo. Se ele precisar usar a morte de uma criança para ganhar um ponto político, e ainda mais um ponto político nefasto e perverso, que visa a censurar você, ele vai usar, porque ele não se importa com a vida humana de nenhuma forma.”

Em um trecho do vídeo, Dino diz o tempo da autorregulação da internet, da falta de regulação e da liberdade de expressão como valor absoluto acabou. Monark rebateu a fala, proferindo xingamentos contra o ministro, o chamando de ‘gordola’.

“Toda a minha luta, toda a luta de vocês, tudo que a gente acredita, que a gente tem a liberdade sim de falar o que quer, e não é esse m*** que vai decidir o que eu vou falar ou não, acabou. Ele decretou que acabou. Eles estão indo pesadamente atrás dos nossos direitos, da nossa liberdade. Agora tá sendo a de expressão, qual vai ser a próxima que eles vão tirar? A vida? A liberdade de ir e vir? Daqui a pouco eles tão proibindo você de sair de casa de novo, usando uma outra doença como desculpa. Você quer ser escravo? Porque ele quer te escravizar. Esse gordola quer te escravizar. Você vai ser escravizado por um gordola”, disse o influenciador.

Monark ainda continua ofendendo Flávio Dino no vídeo. “Esse cara, sozinho, você põe ele ali na rua, ele não dura um segundo, não consegue nem correr 100 metros, põe ele na floresta ali para ver se ele sobrevive com os leões. Você vai deixar esse cara, que na vida real é um bosta, ser o seu mestre? [...] Esses caras são perversos, tirânicos e estão vindo atrás de você", acrescenta.

Para a juíza, os xingamentos proferidos pelo influenciador “ultrajaram os atributos morais mais básicos do querelante [Flávio Dino], enquanto ser humano e cidadão, como o seu caráter, a sua decência, firmeza moral e respeito pela vida e pelo próximo”. A magistrada ainda afirma que as falas depreciava a atuação de Dino enquanto ministro da Justiça, “abalando gravemente a sua honra”.

Na sentença, a juíza também diz que Monark chamou Dino de “gordola” duas vezes, de forma jocosa, “fazendo conjecturas desdenhosas e pejorativas sobre a capacidade de resistência física da vítima”.

Ela entendeu que as frases são depreciativas e utilizam características físicas do ministro para “qualificá-lo negativamente, humilhá-lo e atingir a sua autoestima, dando a entender que ele é uma pessoa inferior e indigna de respeito, em razão de sua aparência e condição física”.

Comentários

Chat Online