Deputada do PL acusa parlamentar do PT de machismo; petista Rebate
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Publicado em 11/12/2024

Um bate boca generalizado tomou conta do plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na tarde desta terça-feira. As trocas de farpas e ataques pessoais envolveram seis parlamentares de esquerda e direita. No entanto, a deputada Amanda Teixeira Dias (PL) e Leleco Pimentel (PT) foram os protagonistas dos embates.

A confusão começou com Leleco Pimentel, que pediu a palavra no plenário, para exaltar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado nesta terça-feira (10). Para destacar a importância da data, o deputado petista exaltou os defensores dos direitos humanos e citou psicólogo José Francisco da Silva, primeiro secretário adjunto de Direitos Humanos em Minas Gerais, durante o governo de Itamar Franco (1999-2003), e que foi homenageado pela Comissão de Cultura nesta terça-feira.

No entanto, ao longo do discurso, o parlamentar petista atacou a condução da segurança pública no país e os governantes que defendem o porte de armas, pautas consideradas importantes para a direita.

“Hoje, é triste. Cada um aqui que abrir o WhatsApp ou assistir à televisão, vai ver o estado da escalada de violência policial, o que não é exclusividade do Estado de São Paulo. A violência policial, como um ato em que os governadores estão envolvidos, pois são os primeiros a defenderem armamentos e uma polícia hostil, que violenta. Como vimos um policial bater na cara de uma senhora, jogar o outro pela ponte, matar o outro asfixiado ou dar um tiro e matar alguém que nem estava envolvido no conflito. Nós estamos denunciando este estado de violência”, disse o deputado petista.

Na sequência, a deputada Amanda Teixeira Dias pediu a palavra à presidente da sessão, deputada Leninha (PT). Declaradamente bolsonarista e armamentista, a parlamentar abriu o discurso chamando Pimentel de “Lelé da Cuca” e atacou a defesa que o deputado fez dos Direitos Humanos.

“Quero dizer que os Direitos Humanos do pedófilo se exploda. Pedófilo e assassino não devem ter acesso aos Direitos Humanos. Ontem, eu estava em uma audiência pública, que mostrou um padre que estuprou crianças ao longo de uma vida e não foi preso por ter sido defendido por pessoas, que defendiam os Direitos Humanos desse infeliz. Assim, como o presidente Lula defende a privacidade dos pedófilos. Houve a iniciativa do cadastro nacional dos pedófilos e o presidente Lula quis vetar uma cláusula dizendo que pedófilo tem direito à privacidade. Hoje, dia dos Direitos Humanos, deveria ser o dia das vítimas, que muitas vezes são negligenciadas”, criticou a deputada.

Após a fala da deputada, o deputado Leleco Pimentel apelou ao regimento da Assembleia, pediu novamente direito à fala e repudiou o fato da deputada ter utilizado a expressão ‘lelé da Cuca’. “Presidente, a estupidez não pode tirar de nós, a paz. No dia em que a humanidade comemora os 76 anos da Declaração de Direitos Humanos, ela [Amanda Teixeira Dias], que faltou à aula de história, quer atacar as pessoas que têm deficiência. Capacitista. Eu acho que as pessoas não levam a sério uma pessoa que sobe ao plenário de uma Assembleia para vomitar tantos atos de violência”, disse o petista.

Engrossando o coro de Leleco Pimentel, o deputado Cristiano Silveira (PT), citou que tem um filho autista e ressaltou que ficou indignado com expressão ‘lelé da cuca’ utilizada por Amanda Teixeira Dias.

“Ouvir uma parlamentar subir na tribuna, no dia internacional dos Direitos Humanos, e tratar um colega como ‘Lelé da Cuca’, fazendo uma analogia às doenças mentais, aos transtornos mentais. Isso é um absurdo neste parlamento. Inclusive, temos que verificar a conduta ética. Isso não pode ser admitido aqui na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Chamar um parlamentar de lelé da cuca, isso não cabe para cidadão nenhum neste país”, disse o parlamentar, que é presidente do PT, partido de Leleco Pimentel.

Na sequência, uma terceira deputada, a parlamentar Lohanna França (PV), saiu em defesa dos colegas do bloco de oposição.

“Eu tenho uma sugestão, Presidenta. Uma sugestão para os colegas parlamentares, é ignorar provocações feitas por pessoas que têm muita dificuldade de ter visibilidade de qualquer forma, quando saem das provocações. A minha sugestão é que a gente ignore aqueles que só conseguem aparecer quando provocam outros colegas parlamentares”, disse a parlamentar.

Por outro, o deputado Bruno Engler (PL) saiu em defesa da deputada Amanda Teixeira Dias e retrucou os deputados petistas.

“Teve um deputado de esquerda que veio aqui para dizer que o nível está baixo, porque um deputado foi chamado de ‘lelé da cuca’. Na hora de chamar os colegas de parlamento de fascistas, aí não é baixar o nível. Na hora de acusar os colegas de parlamento de racista, o que é crime, aí não é baixar o nível. Na hora de fazer o uso dessa expressão [lelé da cuca], ele [deputado Cristiano Silveira] vem dizer que tem que acionar o Conselho de Ética. Uma coisa absolutamente ridícula”, disse Engler.

Por fim, na reta final da sessão, a deputada Amanda Teixeira Dias acusou Leleco Pimentel de perseguição e de machismo.

“Desde que cheguei aqui [na Assembleia], ele [Leleco Pimentel] vem proferindo ofensas, vem falando contra mim, vem falando contra a minha família. Vou dar um pouquinho de alegria para a esquerda e falar uma palavra que vocês adoram: machismo. O que ele faz comigo é machismo. Quero ver ele enfrentar o Bruno Engler, quero ver ele enfrentar o [Cristiano] Caporezzo, quero ver ele enfrentando o Eduardo [Azevedo]. Hoje, o Bruno veio aqui me defender, muito obrigado. Às vezes, nós, mulheres, precisamos de um homem para nos defender. Não tem problema falar isso”, rebateu a deputada.

Durante a fala da deputada, o deputado Leleco Pimentel ficou rebatendo as argumentações da deputada, fora do microfone. Por conta disso, a presidente da sessão, deputada Leninha (PT), precisou intervir e pediu que o deputado respeitasse o momento de fala da deputada. A deputada negou ter sido preconceituosa ao utilizar a expressão ‘lelé da cuca’ e classificou a acusação dos petistas de ‘mimimi’.

Durante a sua fala, o deputado e presidente do PT, Cristiano Silveira, sugeriu que o assunto fosse levado ao Conselho de Ética da Assembleia. Até o fechamento desta reportagem, isso não ocorreu.

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