Condenados por estupro de Gisèle Pelicot ‘escaparam’ da Justiça
Publicado em 04/01/2025 09:50
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Cinquenta e um homens foram condenados em dezembro por estuprarem Gisèle Pelicot, dopada pelo marido durante uma década. Mas alguns dos que também participaram do crime escaparam da Justiça.

Homens escondidos sob pseudônimos, como “Laurent du Vaucluse” ou “Luc Pizza”, entraram em contato com o marido da vítima, Dominique Pelicot, através do site coco.fr.

Entre julho de 2011 e outubro de 2020, este homem, agora com 72 anos, drogou sua então esposa Gisèle com ansiolíticos, para adorarmecê-la e estuprá-la com estranhos contatados online.

Dominique Pelicot fotografou e filmou todos os estupros, armazenando meticulosamente as imagens em seu computador e discos rígidos.

O investigador identificou cerca de 200 estupros de Gisèle Pelicot com base em vídeos e fotos tiradas por seu agora ex-marido, dos quais cerca de 100 foram cometidos pelo próprio Dominique Pelicot.

Nas demais imagens foram identificados 72 autores, dos quais 51 foram julgados e condenados pelo tribunal do departamento de Vaucluse, em Avignon, sul da França. Destes, 17 requerendo a sentença e serão julgados novamente entre setembro e dezembro deste ano.

Difícil reconhecimento facial

Muitos escaparam da Justiça. Dois morreram durante o processo e outros não foram identificados.

“Há pessoas que apareciam muito desfocadas e não conseguiram capturar uma foto”, explicou o juiz encarregado da investigação perante o tribunal em 8 de novembro, no julgamento de quase quatro meses e ampla cobertura midiática nacional e internacional.

Outras, com nítidas imagens de seus rostos, não puderam ser identificadas porque não apareceram em nenhum registro policial. Nem os programas de reconhecimento facial e pesquisas nas redes sociais associá-los a um nome.

“Em consulta à Polícia Judiciária, decidimos parar a investigação em um determinado momento. Poderíamos ter investigado durante dez anos”, disse o juiz.

Caso emblemático

Este julgamento se tornou um símbolo de violência sexual e trouxe à luz a questão da submissão química e das agressões a vítimas inconscientes.

A polícia também encontrou 11 homens contatados por Dominique Pelicot através do Skype, que “claramente fizeram o mesmo com suas parceiras”, confirmado à AFP pelo delegado Jérémie Bosse Platière, que contribuiu para a operação.

“Você é como eu, gosta do modo estupro”, disse Dominique Pelicot a JF LUNA, ao comentar fotos de sua esposa nua e adorável.

Pelicot planejou estuprar várias mulheres inconscientes, segunda conversas nas quais mencionava “uma cabeleireira de Lyon de 37 anos”. Ele garantiu que esses planos nunca se concretizaram.

Alguns destes homens foram presos e serão julgados em outras jurisdições.

“Este é um dos aspectos mais dolorosos para mim, saber que outras mulheres podem continuar sujeitas a estes tipos de atos”, disse o delegado Bosse Platiere durante o julgamento, em 4 de outubro.

*Com informações de AFP

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