Alzheimer genético: estudo prevê quando sintomas vão Surgir
O tipo hereditário da doença representa uma pequena parcela dos casos, causado por diferentes mutações nos Genes
Publicado em 15/05/2025 08:06
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Um estudo desenvolvido por cientistas do Centro de Pesquisa do Cérebro e Doenças VIB-KU Leuven, na Bélgica, descobriu uma “ferramenta” que ajuda a avaliar quando os sintomas do alzheimer genético vão surgir.

O tipo hereditário da doença, representa uma pequena parcela dos casos, e é causado por mutações nos genes APP, PSEN1 e PSEN2. Embora essas alterações genéticas já sejam conhecidas, ainda havia muitas dúvidas sobre como exatamente elas influenciam o início e a progressão da doença.

Segundo a médica geriatra Cláudia Caciquinho o estudo propõe uma avaliação da disfunção genética de uma enzima, a “gama-secretase”, envolvida no processamento da proteína precursora amilóide, para assim prever quando provavelmente irão se iniciar os sintomas da doença de Alzheimer genética.

O que é o Alzheimer genético?

A Doença de Alzheimer Autossômica Dominante (DAAD) é um tipo de Alzheimer que tem início precoce (antes dos 60 anos), e que consiste em 1% dos casos de Alzheimer. “Ela é transmitida geneticamente, de forma autossômica dominante, o que significa que, se um dos pais tiver uma mutação em um dos genes envolvidos (APP, PSEN1 e PSEN2), cada filho tem 50% de chance de herdar a mutação e desenvolver a doença”, explica a médica e professora da faculdade Ciencias Médicas de Minas Gerais.

A geriatria explica que uma das alterações determinantes da doença de Alzheimer é o acúmulo extracelular da proteína beta amiloide, que ocorre devido ao processamento incorreto da proteína precursora do amiloide. “Tal proteína é essencial para o funcionamento cerebral, e seu processamento depende da enzima ‘gama-secretase’, que foi o foco do estudo. Quando processada de forma inadequada, a precursora do amiloide forma os fragmentos beta-amiloides, cujo acúmulo forma as placas senis - um dos principais sinais patológicos da doença”, afirma.

“O estudo apresentado por cientistas belgas identificou uma relação quantitativa entre e o grau de disfunção da enzima “gama-secretase” e a idade de início dos sintomas do Alzheimer genético, mostrando que, quanto mais alterada estiver a enzima, mais precocemente aparecerão os sintomas da doença”, explicou. Segundo a geriatra, a descoberta permite predizer a progressão da doença, oferecendo uma ferramenta de apoio tanto para a prática clinica quanto para os estudos genéticos.

Apesar das diferentes mutações nos genes APP, PSEN1 e PSEN2, a ferramenta funciona da mesma maneira. A disfunção se relaciona ao tempo para inicio dos sintomas independentemente de qual desses genes apresente mutações.

Descoberta abre caminhos para novos tratamentos?

“Atualmente, os tratamentos mais acessíveis para a Doença de Alzheimer melhoram o funcionamento dos neurônios, mas não evitam a progressão da doença. Por outro lado, os tratamentos recentemente lançados - anticorpos monoclonais anti-Aβ (por exemplo, lecanemab e donanemab), são eficazes em retardar a progressão da doença, mas não são curativos e ainda apresentam limitações, como a necessidade de administração intravenosa, os graves efeitos colaterais (exemplo: sangramento no SNC) e o alto custo”, afirma Caciquinho.

No entanto, segundo a médica, a compreensão detalhada das disfunções da gama-secretase abre novas possibilidades terapêuticas, como o desenvolvimento de moduladores específicos dessa enzima, a fim de corrigir o processamento anormal da proteína precursora do amiloide e, consequentemente, reduzir a formação dos depósitos beta amiloides e a progressão do Alzheimer.

O estudo foi publicado em 26 de abril na revista Molecular Neurodegeneration.

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