Uma divergência entre dois sistemas que monitoravam a estabilidade da Barragem Superior Sul, da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, desde o dia 8 de fevereiro, provocou a elevação da estrutura para o nível 3, de rompimento iminente, segundo a Vale. A informação foi dada no começo da tarde deste sábado (23) em entrevista coletiva convocada pela mineradora, prefeitura e Defesa Civil para explicar o acionamento de sirenes e alerta máximo na cidade.
De acordo com a Vale, o monitoramento era feito por uma célula robótica a laser e por radares. Até esta terça-feira (19), os dois dispositivos apresentavam resultados semelhantes, que atestavam segurança. Porém, na quarta-feira (20), os sistemas apresentaram laudos diferentes.
“Você tem um sistema de medição. Você confia nele, analisa, interpreta e define as ações. Por segurança, a gente tem um sistema de redundância, um sistema baseado em conceitos físicos diferentes. Quando um deles começa a dar uma informação diferente da outra a gente perde a referência em qual confiar. E aí, na dúvida a gente não pode concluir o lado mais seguro, tem que concluir para o lado menos seguro”, disse o coordenador do Comitê de Resposta Imediata da Vale, Marcelo Klein.
Representante da Vale diz que sistema de monitoramento elevou nível de barragem
A mineradora avalia a possibilidade da construção de diques de contenção a 5 quilômetros à jusante da barragem. O objetivo é diminuir o impacto da lama de rejeitos, caso haja um rompimento. A barragem Superior Sul é considerada pela Vale a mais crítica do estado.
“Nós temos um grande desafio porque você não pode fazer uma intervenção (na barragem) por causa do risco de rompimento. A princípio a gente tem que fazer uma atuação remota e ao mesmo tempo você tem que atuar na barragem em uma ação preventiva”, disse Klein.
Plano de contingência
A expectativa é que os moradores de três mil casas que ficam ao longo do Rio São João até o centro de Barão de Cocais passem por um treinamento entre este domingo (24) e segunda-feira (25). Rotas de fuga e pontos de encontro ainda estão sendo definidos.
Caso haja um rompimento antes da implementação do plano de contingência, a força-tarefa formada por policiais, bombeiros e Defesa Civil terá uma hora e doze minutos para tirar todas as pessoas da chamada zona secundária que se estende até o centro da cidade. A lama começaria a alcançar as casas em menos de uma hora.
Estima-se que cerca de nove mil pessoas vivem nesta área. Doze bombeiros, quarenta policiais militares e 40 policiais civis fariam o trabalho de retirada destas pessoas.
Segundo o coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, Flávio Godinho, não há motivo para pânico já que, de acordo com ele, uma hora e 12 minutos é suficiente para que um contingente de cerca de 100 homens retire mais de nove mil pessoas de suas casas.