Durante o julgamento em Brasília de um habeas corpus para os nove militares do Exército acusados de terem matado a tiros de fuzil o músico Evaldo Rosa e o catador de papel Luciano Macedo, em Guadalupe, no mês passado, foi revelado que o tenente Ítalo Romualdo, que comandava a tropa, fez 77 dos 83 disparos contra o carro da vítima, que levava a família para um chá de bebê. A sessão acabou suspensa devido a um pedido de vista ao processo, mas, antes da interrupção, quatro dos 15 ministros do Superior Tribunal Militar (STM) já tinham votado pela soltura dos suspeitos .
A nova sessão deverá acontecer dentro de dez dias. O subprocurador-geral do Ministério Público Militar, Roberto Coutinho, disse, num discurso enfático, que não existe ainda nem mesmo indício de que os soldados e oficiais tenham cometido crime.
Para o subprocurador-geral, os militares estavam no exercício “da função da autoridade”. Eles teriam confundido o veículo do músico com o de bandidos que haviam passado pela região momentos antes. Evaldo, que dirigia o carro, morreu na hora. Luciano, atingido ao tentar socorrer a família, morreu 11 dias depois.
O subprocurador argumentou que não há risco à ordem pública que justifique a prisão dos suspeitos que são, segundo ele, são militares, não criminosos contumazes.
Não pode a histórica Justiça Militar ceder ao clamor da opinião pública porque esta é sensível ao impacto midiático, disse Coutinho.