CRIANÇAS SE PROTEGEM DEITADAS NO CHÃO DE ESCOLA EM TIROTEIO NO RJ
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Publicado em 09/05/2019

Pelo menos três pessoas foram baleadas em um intenso tiroteio em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (9). Uma longa sequência de disparos foi ouvida vindo de um morro no bairro Sapinhatuba I, comunidade que fica perto de uma área nobre da cidade e que foi sobrevoada pelo governador Wilson Witzel no fim de semana. No início da tarde, mais tiros foram ouvidos.

Crianças também tiveram que ficar deitadas no chão para se protegerem. O episódio foi na Escola Municipal Antonio Joaquim de Oliveira, no mesmo bairro em que o tiroteio aconteceu. As aulas foram suspensas nesta terça-feira em todas as escolas públicas dos bairros Sapinhatuba I e III.

Em um ônibus, passageiros deitaram no chão com medo de serem atingidos.

De acordo com a Polícia Militar, os feridos são dois funcionários de uma drogaria e um homem que fugia do tiroteio e também foi atropelado por um carro. Os três foram levados para o Hospital Geral da Japuíba.

Segundo a unidade médica, as vítimas que trabalham na farmácia são Diogo Augusto Teixeira, de 27 anos, e Luís Antônio Alves, de 52 anos. Eles estavam dentro de um carro, a caminho do trabalho, passando pela Rio-Santos. Diogo foi baleado nas nádegas e Luís Antônio foi atingido no tornozelo esquerdo, mas passam bem.

O ferido que foi baleado e atropelado tem 27 anos. Ele estava em estado grave e passava por cirurgia por volta de 14h.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a BR-101, a Rodovia Rio-Santos, foi fechada nos dois sentidos por duas horas na altura do km 483. É a segunda vez que o trecho da rodovia é fechado, em menos de uma semana. A pista foi liberada por volta de 12h30.

Mais cedo, muitos motoristas que passavam pela estrada manobraram para voltar no sentido contrário, com medo de passar pelo trecho por onde se ouviam os tiros. "Mais uma vez, na BR-101, na altura da Sapinhatuba I, todo mundo voltando de ré, ninguém passa", disse um motorista que gravou um vídeo e enviou pelo WhatsApp da TV Rio Sul.

Também foi possível ouvir os disparos também de um shopping, que fica em uma área nobre. "Eu tô dentro de uma barbearia, no shopping. Vocês não tem noção do tanto de tiro que dá pra escutar daqui. É muito, muito muito, muito tiro mesmo", contou um morador que enviou um áudio também para o WhatsApp da TV Rio Sul e preferiu não se identificar.

Segundo testemunhas, o tiroteio aconteceu por causa da retomada do comando da comunidade por uma facção criminosa. Várias viaturas da polícia se deslocaram para a Rio-Santos por volta das 10h30. Ao meio-dia, as forças de segurança do município não tinham divulgado nota oficial sobre o ocorrido.

Witzel prometeu fim da 'bandidagem'

No sábado (4), o governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sobrevoou de helicóptero várias comunidades de Angra dos Reis, entre elas a do tiroteio desta quinta-feira.

Witzel fez questão de divulgar nas redes sociais que acompanhava de perto o trabalho da polícia. Um dos momentos divulgados pelo governador mostra um policial já no ar com um fuzil em punho. "Vamos botar fim na bandidagem em Angra dos Reis", disse.

"Tá aqui o pessoal da Core, nosso helicóptero, vamos começar hoje, hoje nós vamos começar a operação, acabou a bagunça, hoje nós vamos colocar ordem na casa, vamos embora. Vamos botar fim na bandidagem", acrescentou o governador.

Tiros foram dados a esmo por um policial civil que estava a bordo do helicóptero, no alto de um morro no bairro Areal. A polícia alegou que fez os disparos porque aquela seria uma barraca montada por traficantes como ponto de observação.

Segundo um morador, o alvo foi um tenda usada por evangélicos. “Aquela barraquinha ali foi criada pelos irmãos evangélicos e serve de banheiro. Aqui não tem ponto de tráfico, é uma tranquilidade”, ressaltou o morador Rodrigo Bernardes.

O conjunto de normas da Secretaria de Segurança Pública do Rio prevê que policiais podem atirar do alto, a partir de helicópteros, durante operações. Mas os disparos só são autorizados em casos específicos.

O documento diz que os tiros podem ser dados do helicóptero quando estritamente necessário para legítima defesa dos tripulantes, de equipes em terra e da população. Na tarde de segunda-feira (6), o governador falou sobre o sobrevoo durante uma entrevista.

"Faz parte do meu trabalho reconhecer essa situação, como nenhum outro governante fez, e participar ativamente junto com a polícia daquilo que é a obrigação do governante. É estar envolvido diretamente com a segurança pública e não se omitir, como muita gente já se omitiu quando deveria ter feito o seu trabalho" disse Witzel.

O governo do estado não divulgou comunicado sobre o episódio dos tiros em Angra dos Reis, mas informou que "as circunstâncias serão apuradas". Em nota, a Polícia Civil afirmou que todos os protocolos para utilização de aeronaves foram obedecidos na operação.

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