A família da estudante que foi abusada na UTI de um hospital ficou chocada ao saber, durante o velório dela, do crime. A delegada Paula Meotti foi quem comunicou os pais, pois foi preciso retirar o corpo da cerimônia para fazer novos exames. Um técnico em enfermagem foi preso suspeito do estupro.
“Ficamos sabendo da morte dela só quando ela estava sendo velada e foi necessário fazer um novo laudo. Os pais não desconfiavam do abuso, eu que tive que conter para eles, que ficaram muito abalados”, disse a delegada.
O abuso aconteceu na madrugada do dia 17 de maio, horas depois de ela ser internada devido a crises convulsivas. No mesmo dia, a estudante denunciou o caso para uma enfermeira e o homem foi afastado do cargo. Porém, devido ao agravamento do estado de saúde, ela morreu no dia 26.
“A gente não tinha contado para os pais ainda porque imaginávamos que ela pudesse se recuperar e que pudéssemos ouvi-la depois. E os pais não tinham muito a contribuir com as investigações, por isso não tinham sido comunicados ainda”, explicou.
A polícia acredita que o abuso não tenha relação direta com a morte da jovem, que foi internada devido a uma crise convulsiva. “Mas não sabemos até que ponto, esse abalo emocional pode ter influenciado ou piorado o estado de saúde dela”, completou a delegada.
O pai da jovem ainda vai prestar depoimento à polícia antes da conclusão do inquérito. O técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos foi preso na quarta-feira (29) e ficou em silêncio diante da delegada. Ele vai responder por estupro de vulnerável.
O advogado dele, Leonardo Silva Araújo, disse que o cliente se declarou inocente e que não se apresentou antes porque temia pela vida.
“Começaram a divulgar a foto dele e tinha um áudio em grupos de mensagem pedindo ajuda para achá-lo. Ele, então, se escondeu e decidiu se apresentar hoje até por questão de segurança”, disse.
O defensor disse ainda que espera ter acesso às imagens da câmera de segurança para se inteirar melhor do caso e dar mais declarações.
Imagens
A delegada explicou ainda que as imagens da câmera que ficava no leito de UTI em que a jovem estavam mostram os abusos “de maneira clara”. O homem fecha a cortina e com a mão direita toca nas partes íntimas da paciente, que está entubada e com as mãos amarradas à cama devido ao quadro de saúde dela.
Meotti contou que o abuso dura cerca de 1h. Durante esse tempo, ela teve momentos de consciência e tentou reagir ao estupro. “Em alguns momentos ela se mexe e chega quase a cair da cama, se debatendo e tentando escapar”, contou.
Nova suspeita
Após a prisão do técnico de enfermagem suspeito de estuprar a jovem dentro da UTI de um hospital mais uma denúncia de possível abuso sexual na mesma unidade foi feita na quarta-feira (29) pela família de uma idosa de 82 anos na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
Segundo a família da idosa Antônia Vieira Marciel contou à polícia, a aposentada estava com doença renal crônica e pneumonia, e morreu cinco dias depois de receber alta da UTI.
De acordo com a filha da idosa, Edna Vieira de Souza, quando a mãe ficou internada, em dezembro do ano passado, contou para ela ter sido tratada com muita truculência e que um enfermeiro colocou o dedo nas partes íntimas dela.
"Nós iremos instaurar um novo inquérito para apurar o novo fato", disse a delegada da Deam, Paula Meotti.
O Hospital Goiânia Leste informou que, ao receber a denúncia de abuso de uma paciente de 21 anos, por uma técnica de enfermagem, “tomou as primeiras medidas” e que o “técnico de enfermagem acusado pela paciente foi imediatamente suspenso e afastado da sua função”.
Também de acordo com a unidade de saúde, foi registrado um boletim de ocorrência pelos responsáveis da UTI, no último dia 21 de maio. Nessa mesma data, o funcionário “foi demitido por justa causa”.