O menor apreendido apontado como mentor intelectual do atentado à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, não participou da execução do crime porque foi à igreja dias antes e fez um dos assassinos duvidar de sua coragem de matar. O massacre foi em 13 de março e terminou com dez pessoas mortas.
"Pelo fato de ele ter comparecido à igreja, o outro menor, que era mais próximo a ele, entendia que ele não conseguiria praticar o fato. Ele não foi excluído, ele sabia que iria acontecer, só não a data, mas sabia que seria em uma quarta-feira, no horário do intervalo. Mas o líder, que seria o menor que se suicidou, desejava apenas dois autores no cenário, assim como em Columbine", divulgou o delegado Alexandre Dias, titular do DP Central de Suzano, responsável por investigar o caso.
A divulgação dos desdobramentos da investigação ocorreu durante entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (4), na Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes. O inquérito policial foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público, que apresentou a denúncia à Justiça nesta quarta-feira.
No entanto, há um mês, a justiça decidiu que o menor cumpra medida socioeducativa, por tempo indeterminado, com avaliações periódicas de acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Dentro de um ano, ele será submetido a exames psiquiátricos e psicológicos.
Já no inquérito policial, foram denunciados Cristiano Cardias de Souza, preso desde abril, por ter negociado diretamente a venda de munições e intermediado a compra do revólver calibre 38 utilizado no crime.
Geraldo de Oliveira Santos, responsável pela venda da arma de fogo com numeração parcialmente suprimida, preso desde maio, Márcio Germano Masson, preso em maio, e Adeilton Pereira dos Santos, preso em abril, venderam aos assassinos as munições, de acordo com o Ministério Público.
Morte certa
O delegado Alexandre Dias falou durante a entrevista coletiva desta terça-feira que os suspeitos já sabiam que morreriam durante o massacre e isso ficou claro durante as conversas entre os assassinos.
"Um deles estava preocupado se o espelhinho do carro tinha riscado, aí o outro disse: quando o carro for recuperado pela seguradora, a gente vai estar morto. Eles sabiam que iam morrer", disse o delegado.
Parte das conversas foram apagadas, e exigiram os trabalhos do setor de inteligência da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, para recuperar o material.
"A análise de dados dos celulares deles também foi complexa. Mas concluímos a investigação em um tempo que eu considero bom. É importante destacar que a polícia tem trabalhado com um sistema de inteligência policial. Foi possível descobrir que eles pensavam até no tempo. Não queriam que estivesse chovendo no dia", disse o delegado.