A modelo que acusa Neymar de agressão e estupro disse, em depoimento à polícia nesta sexta-feira (7), que não poderia entregar a íntegra do vídeo do segundo encontro que teve com o jogador em um hotel em Paris.
No depoimento, prestado à delegada Juliana Lopes Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo, e cujo conteúdo o Jornal Nacional teve acesso, Najila Trindade Mendes de Souza disse que o vídeo estaria num tablet dentro de seu apartamento que, segundo ela, foi arrombando na quinta (6).
Um minuto deste vídeo já é de conhecimento público. Nele, Najila aparece batendo em Neymar. Nos outros seis minutos, segundo a modelo contou, haveria elementos que comprovariam que o jogador a agrediu no dia anterior.
Essa era uma das provas que a polícia queria ter em mãos depois do depoimento desta sexta.
Os investigadores também perguntaram se as imagens não estariam guardadas no servidor de alguma empresa de tecnologia. Ela não soube responder.
Najila disse que não registrou o furto do tablet porque não sabe ao certo o que foi levado do apartamento. Só deu falta do tablet, de um relógio e de uma quantia em dinheiro que estava numa bolsa.
Um setor da polícia, especializado em encontrar a impressões digitais, analisou as marcas encontradas na porta do apartamento de Najila. Só encontraram impressões digitais dela e da empregada.
Seis horas
Foi num carro da polícia que Najila chegou para prestar depoimento, pouco antes do meio-dia. A escolta era um pedido do advogado da mulher. Najila desceu rápido, com a cabeça coberta, acompanhada de uma amiga.
Para impedir qualquer imagem do depoimento, os policiais colocaram um banner na janela da sala onde ele era colhido.
Foram quase seis horas de depoimento. Fontes da polícia disseram que Najila estava nervosa e chorou muito. A delegada responsável pela investigação teve que interromper o depoimento algumas vezes para que a denunciante se acalmasse.
Sobre o primeiro encontro, Najila disse que seguia Neymar numa rede social e que, em fevereiro, mandou uma mensagem direta e o jogador respondeu. Desde então os dois mantiveram contato.
Em maio, eles acertaram a viagem dela a Paris. Najila confirmou que Neymar pagou a passagem aérea e a estadia no hotel.
Najila deu detalhes do primeiro encontro --no dia em que Neymar chegou ao hotel. Segundo ela, os dois começaram a se beijar e o jogador começou a dar uns tapas. Ela disse que não falou nada, mas que minutos depois percebeu que ele estava mais agressivo. Ela, então, reclamou.
Segundo ela, neste momento, perguntou a ele se tinha camisinha. Neymar respondeu que não. E ela disse que achava melhor eles ficarem "só na pegação". Najila contou que o jogador a segurou com força pelo quadril e que fez sexo com ela sem consentimento.
Segundo os investigadores, nessa parte do depoimento, Najila teve uma crise de choro. A delegada parou de fazer perguntas por alguns instantes.
Sobre o segundo encontro, Najila foi confusa, segundo a polícia. Primeiro disse que deixou o celular ligado o tempo todo para gravar a conversa que teria com Neymar.
Ainda de acordo com policiais que ouviram o depoimento, Najla contou que atraiu o jogador até o hotel porque estava revoltada pelo que tinha passado e queria bater nele. Quando os policiais foram transcrever este trecho do depoimento, Najila voltou atrás e disse que deixou o celular ligado por alguns minutos. Desligou porque tinha medo que fosse descoberta.
Segundo a polícia, a mulher foi contraditória sobre os horários da chegada e da saída do jogador no hotel.
Najila saiu no fim da tarde, carregada pelo advogado, depois de passar mal na delegacia. Ela desmaiou e foi levada para um hospital próximo. Logo em seguida, a delegada começou a ouvir o depoimento da amiga de Najila.
A Secretaria da Saúde de São Paulo não informou o estado de saúde de Najila.
Sobre o depoimento de Neymar, a polícia paulista ainda não tem data para ouvi-lo. Nesta sexta, a advogada foi pedir à delegada que o jogador preste depoimento em outro lugar porque ele está com dificuldade de subir escadas.