No depoimento que deu à Polícia Civil de São Paulo na sexta-feira (7), a modelo Najila Trindade, que acusa o jogador Neymar de estupro e agressão, deu duas versões diferentes sobre o segundo encontro que teve com o jogador em Paris, no dia seguinte em que teria ocorrido o sexo não consensual.
Na primeira, disse que gravou todo o encontro. Em seguida, mudou a versão, e disse ter desligado o celular, com medo de que Neymar percebesse.
Após o depoimento de seis horas, Najila passou mal e deixou a 6ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo carregada pelo advogado. A advogada de Neymar disse que o jogador deve prestar depoimento na próxima semana.
Conteúdo do depoimento
Em acesso ao conteúdo do depoimento. Najila disse que seguia Neymar em uma rede social e que, em fevereiro, fizeram contato e trocaram telefone. Em maio, combinaram a viagem dela a Paris – as passagens aéreas e o hotel foram pagos pelo jogador.
A modelo reiterou que Neymar foi ao hotel lhe encontrar e que os dois se beijaram e o jogador começou a dar tapas. Ela disse que não falou nada, mas que, minutos depois, percebeu que ele estava mais agressivo e ela reclamou.
Segundo Najila, neste momento, ela perguntou a ele se tinha camisinha. Neymar respondeu que não e ela disse que achava melhor eles ficarem "só na pegação".
Najila contou que o jogador a segurou com força pelo quadril e que fez sexo com ela sem consentimento.
Já sobre o segundo encontro, em que ela gravou um vídeo com um celular, a modelo foi confusa e deu duas versões diferentes sobre a situação.
Na primeira, disse que deixou o celular ligado o tempo todo para gravar a conversa que teria com Neymar. De acordo com policiais que ouviram o depoimento, Najila contou que atraiu o jogador até o hotel porque estava revoltada pelo que tinha acontecido e queria bater nele.
Duas versões
Mas, quando os policiais foram transcrever este trecho do depoimento, ela voltou atrás - disse que deixou o celular ligado por alguns minutos e desligou porque tinha medo que ser descoberta. Ainda de acordo com a polícia, a mulher foi contraditória sobre os horários da chegada e da saída do jogador no hotel.
A íntegra do vídeo, segundo ela, estava em um tablete que ela diz que foi furtado de seu apartamento, que teria sido arrombado na quinta-feira.
Um minuto deste vídeo já é de conhecimento público e, nele, Najila bate em Neymar. Nos outros seis minutos, segundo Najila, haveria elementos que comprovariam que Neymar a agrediu no dia anterior.
Najila disse que não registrou a invasão do apartamento porque não sabe ao certo o que foi levado. Só deu falta do tablet, de um relógio e de uma quantia em dinheiro que estava em uma bolsa.
Policiais especializados em encontrar a impressões digitais analisaram as marcas na porta do apartamento de Najila e só encontraram impressões digitais dela e da empregada.
Crise de choro
Durante o depoimento, teve que ser interrompido algumas vezes, Najila chorou muito e estava muito nervosa. Ela teve uma crise de choro quando relatava o sexo não consensual e, neste momento, a delegada responsável pelo caso parou de fazer perguntas.
Rosângela, amiga de Najila e que a acompanhou no momento em que a modelo registrou o boletim de ocorrência do caso, também prestou depoimento e saiu sem falar com os jornalistas.
Neymar
A advogada do jogador Neymar, Maíra Fernandes, esteve na delegacia que investiga o caso para ter acesso ao depoimento de Najila. Ela disse que o jogador prestará depoimento em São Paulo no início da próxima semana.
“Ele tem todo interesse em prestar depoimento, esclarecer tudo o que for necessário”, disse ela.
“Eu posso dizer que a defesa do Neymar acredita plenamente na defesa dele e vai provar”, acrescentou a advogada.
O juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta, do Tribunal de Justiça do Rio, negou um pedido para analisar o inquérito instaurado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. Nesse inquérito a polícia apura quem é o responsável pelo vazamento de imagens de cenas de nudez de Najila. O pedido foi feito por advogados alheios ao processo.