FIZ DE TUDO PARA SALVÁ - LO DIZ MÃE DE MENINO DE 11 ANOS ESPANCADO
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Publicado em 08/11/2019

A mãe do menino de 11 anos que foi encontrado morto em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, relembra com dor a vida do filho (veja vídeo acima).

Moradora de Brasília, ela afirma que o garoto era usuário de drogas desde os 9 anos. Só em 2019, ele já havia sido levado à delegacia oito vezes por roubos e furtos.

"Fiz de tudo para salvar meu filho. E ele não era desprezado. Eu nunca o desprezei. Nunca abandonei nenhum deles.

A mulher, que preferiu não se identificar, é mãe de sete filhos. Três ainda moram com ela em Taguatinga, no DF, e outros três vivem no Maranhão. Segundo a mãe, o caçula de 11 anos era doce, mas mudou o comportamento quando se envolveu com o mundo das drogas.

Menino de 11 anos espancado até a morte tinha fugido cinco vezes de abrigo

"Ele teve a infância roubada pelas pessoas que o usavam para fazer o mal. Meu filho só tinha 11 anos, ele era uma criança", afirma.

A mãe diz que, desde 2017, tentava internar compulsoriamente o garoto para tratamento contra o vício em drogas. No entanto, nunca conseguiu uma resposta concreta da Justiça. Segundo a mulher, o poder público falhou na proteção ao menino.

"O Estado não me socorreu no momento em que eu precisei de ajuda."

Crime e fugas

O corpo do menino foi encontrado em uma mata, às margens de um córrego, na última terça-feira (5). Ele tinha marcas de pancadas na cabeça, provocadas, provavelmente, por um pedaço de pau ou de ferro.

A Polícia Civil de Goiás acredita que o crime possa ter sido cometido por vingança, já que o garoto tinha sido ameaçado diversas vezes por conta do envolvimento em delitos.

Para tentar proteger o filho, a mãe pediu ajuda para colocá-lo em um abrigo. No entanto, de acordo com o conselheiro tutelar Cleiton Vital de Oliveira, que acompanhava o caso, o garoto fugiu cinco vezes de uma casa de acolhimento em Brasília, em um período de dois meses.

Cleiton diz que, na segunda-feira (4), levou o menino de volta ao abrigo, após uma fuga. Segundo ele, o garoto comeu, tomou banho e saiu de novo. No dia seguinte, o corpo dele foi encontrado.

Medo do pior

A mãe do menino disse que sentia que algo ruim poderia acontecer com o próprio filho, mas nunca desistiu de tirar o garoto do mundo das drogas e da violência.

"Parece que eu estava sentindo que ia chegar o pior. Eu tirava a chave da porta para ele não sair, mas ele descia pela janela do segundo andar do prédio", disse a mãe.

A faxineira também disse que tentava aconselhar o menino. "Eu queria que ele voltasse a ser criança, a brincar. Era o que eu mais pedia. Queria ele na escola, estudando para ser alguém na vida", afirma.

O que dizem as autoridades

A reportagem questionou o Ministério Público do DF (MPDFT), a Vara da Infância e da Juventude do DF, e a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes) sobre o caso do menino. Confira abaixo o posicionamento de cada órgão:

Ministério Público do DF

"O caso de C.G. P. era acompanhado pela Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude, que lamenta muito o ocorrido e se solidariza com a família. Foram propostas as medidas judiciais de proteção de acolhimento institucional e internação para tratamento de saúde mental.

Esclarecemos que a medida de acolhimento institucional não é medida restritiva de liberdade. As instituições de proteção de crianças atuam buscando a adesão às medidas protetivas e também ao fortalecimento dos vínculos familiares.

Vara da Infância e da Juventude do DF

"A Vara da Infância e da Juventude esclarece que o acolhimento institucional é uma medida protetiva prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, como tal, depende da adesão do acolhido para sua efetividade.

Cabe ressaltar também que acolhimento institucional infantojuvenil não é e não pode ser confundido com medida de restrição de liberdade, sendo a liberdade um direito garantido ao acolhido, conforme disposto nos artigos 15 e 16 do ECA."

Secretaria de Desenvolvimento Social do DF

"A Secretaria de Desenvolvimento Social lamenta profundamente o ocorrido e está prestando apoio socioassistencial à família da criança.

No que diz respeito ao fato, é fundamental deixar claro que a criança não estava na UNAC III M Norte. A mesma se encontrava em fase de encaminhamento pela Central de Acolhimento de Taguatinga, porém recusava ser encaminhado ao Serviço de Acolhimento.

A equipe da Central e da UNAC III M Norte fizeram os atendimentos pontuais e iniciaram o estudo do caso junto à Promotoria da Infância e o Conselho Tutelar responsável pela ocorrência .

A criança chegou a ser encaminhada à UNAC III em setembro deste ano, permanecendo no local por menos 24h quando evadiu-se.

Sobre possíveis fugas, é preciso esclarecer que o Serviço de Acolhimento não caracteriza as saídas da Unidade como fuga, pois os acolhidos não encontram-se presos sob medida de restrição de liberdade. As entradas e saídas da unidade são controladas e feitas sob supervisão dos profissionais. Esses profissionais procuram evitar essas saídas sem autorização, chamadas de evasões, seguidas de buscas ativas nas imediações da unidade para tentativa de reintegração.

É importante enfatizar que a criança não sofreu qualquer abuso sexual na UNAC III.

A equipe da unidade trabalha em articulação com toda a rede de proteção (Ministério Público, Vara da Infância, Conselhos Tutelares, Secretaria de Saúde e Segurança Pública) para evitar que qualquer episódio negligencial ocorra."

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