LAVA JATO INVESTIGA REPASSES DA OI A EMPRESA DE FILHO DE LULA
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Publicado em 10/12/2019

A 69ª fase da Operação Lava Jato, iniciada nesta terça-feira (10), investiga repasses de mais de R$ 100 milhões do grupo Oi/Telemar para empresas de Fábio Luis Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula.

A Polícia Federal foi autorizada a cumprir 47 mandados de busca a apreensão em três estados e no DF. O ex-presidente Lula não é alvo desta operação.

O Ministério Público Federal (MPF) diz que as empresas do filho de Lula (Gamecorp/Gol) não tinham capacidade de prestar os serviços para os quais foram contratadas pela Oi/Telemar. O grupo Gamecorp/Gol desenvolve livros e aplicativos para celular, entre outros serviços ligados à tecnologia.

A PF chegou a pedir as prisões temporárias de Fábio Luis e outros cinco diretores do grupo. Porém, a juíza substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, entendeu que as prisões não eram necessárias com base em um parecer do MPF.

Segundo o MPF, o repasse de R$ 132 milhões ocorreu entre 2004 e 2016 – período em que o grupo de telecomunicações foi beneficiado por medidas do governo federal, então comandado pelo PT. A PF diz que os repasses da Oi/Telemar chegam a R$ 193 milhões.

Só a empresa Gamecorp, do filho do Lula, recebeu R$ 82 milhões, de acordo com o MPF e a Receita Federal. Porém, conforme constatado pelos auditores fiscais, a Gamecorp não tinha mão de obra para esse tipo de prestação de serviços na área de telefonia.

"A Gamecorp não possuía mão de obra, tampouco ativos necessários para a prestação desse serviço pelos quais ela teoricamente foi contratada. Constaram que a mão de obra foi praticamente toda terceirizada e que os ativos foram fornecidos pela própria empresa contratante, ou seja, os ativos foram fornecidos pelos próprios clientes", afirmou o procurador do MPF Roberson Henrique Pozzobon.

Pozzobon também disse, em entrevista à imprensa, que maior parte do dinheiro usado na compra dos sítios Santa Bárbara e Santa Denise, em Atibaia, pode ter vindo da Oi/Telecom.

Os donos desses imóveis são sócios de Fábio. O ex-presidente Lula foi condenado em duas instâncias por aceitar da Odebrecht uma reforma nos sítios, que eram frequentados por ele e a família.

"Hoje, na fase de número 69, o que está em apuração são as evidências que apontam que também a aquisição das propriedades dos sítios Santa Denise e Santa Bárbara, em Atibaia, também podem ter sido adquiridas com produto e proveito de crimes", afirmou Pozzobon.

O que dizem os citados

A Oi disse que "atua de forma transparente e tem prestado todas as informações e esclarecimentos que vêm sendo solicitados pelas autoridades, assegurando total e plena colaboração com as autoridades competentes".

A Telefônica informou que a Polícia Federal esteve em sua sede, em São Paulo, buscando informações a respeito de contratos específicos de prestação de serviços realizados. "A empresa está fornecendo todas as informações solicitadas e continuará contribuindo com as autoridades. A Telefônica reitera seu compromisso com elevados padrões éticos de conduta em toda sua gestão e procedimentos”, afirmou em nota.

O advogado dos irmãos Fernando Bittar e Kalil Bitar, Alberto Toron, afirmou que não teve acesso ao que motivou o pedido de busca e apreensão. Segundo o advogado, o Ministério Público Federal reconheceu que o dinheiro para a compra do sítio era do pai de Fernando Bittar e do Kalil.

“Soa estranho que, após o julgamento em 1ª instância, após o julgamento em segundo grau, com este tema pacificado, isso venha a tona justamente agora”, afirmou advogado.

Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia obtido resposta das pessoas procuradas e não havia conseguido contato com a nova defesa de Fábio Luis e os demais citados.

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