COMÉRCIO NO RJ E SÃO PAULO ABRE PORTAS SEM AUTORIZAÇÃO - BRASIL
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Publicado em 18/06/2020

A cena era inusitada: por volta das 11h desta quarta-feira, quem passava em frente a um salão de beleza da Rua do Riachuelo, na Lapa, podia ver pelo menos dez pernas atrás de uma porta de ferro parcialmente abaixada . Eram de funcionários e clientes que ignoravam a proibição de funcionamento, previsto em decreto somente para a terceira fase de retomada das atividades econômicas na cidade. Um dia depois de o prefeito Marcelo Crivella prometer endurecer a fiscalização, não faltaram exemplos de falta de controle das medidas de isolamento social impostas para o combate à Covid-19.

Salões de beleza, academias de ginástica, o comércio de rua (incluindo bares e restaurantes) e a permanência de banhistas na faixa de areia das praias cariocas estão entre os pontos a serem liberados na implementação da terceira fase. A segunda foi antecipada na última quinta-feira, o que permitiu a reabertura de shoppings, e Crivella admitiu, na terça-feira, que considera a possibilidade de adiantar “em oito ou dez dias” a etapa seguinte, inicialmente planejada para 1º de julho. Na mesma entrevista, o prefeito anunciou que guardas municipais e policiais passariam a reprimir o funcionamento de lojas na Saara, no Centro, o que não aconteceu.

‘Fomos humilhados’

Nesta quarta, na área de comércio popular, lojistas insistiram em trabalhar, a despeito da promessa de fechamento feita por Crivella. Parte dos comerciantes abriu seus estabelecimentos sem a menor cerimônia; enquanto outros colocaram funcionários nas entradas para chamar clientes e levantar portas aos interessados em conferir mercadorias.

Presidente do Polo Saara, Eduardo Blumberg alegou que os comerciantes vêm abrindo as portas “porque estão desesperados”, após quase três meses sem trabalhar. Ele disse ainda que os lojistas se sentem injustiçados, já que camelôs e shoppings foram liberados pela prefeitura:

Quem está abrindo as portas não o faz para desafiar as autoridades. É por desespero, pela necessidade de pagar as contas. A reabertura tinha de começar por aqui, mas fomos humilhados, os camelôs ficam rindo da gente. Antes, eles é que tinham de correr da fiscalização; hoje somos nós.

Na Praça Saens Peña, na Tijuca, ninguém corre de ninguém. Pela manhã, camelôs armavam barracas normalmente, enquanto estabelecimentos de ruas do entorno abriam, apesar da presença de guardas municipais. Na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, uma funcionária de um salão de beleza se enrolou ao tentar explicar, no início da tarde, o esquema de funcionamento do espaço:

Não estamos abertos, só podemos funcionar em julho. Mas fazemos atendimento com hora marcada, com dois clientes por vez, no máximo.

No mesmo bairro, assim como em outros pontos das zonas Sul e Norte, bares estavam abertos, alguns com mesas nas calçadas. Durante o fim de semana, um vídeo que mostrava o salão do Belmonte do Leblon cheio de clientes foi compartilhado em massa nas redes sociais. Nesta quarta-feira, o dono, Antônio Rodrigues, admitiu ao GLOBO que abriu as portas no sábado e no domingo.

Tínhamos um decreto do governador e um do prefeito, e achei que pudesse funcionar. Reconheço que errei. Peço desculpas aos clientes. Estamos numa situação muito difícil, fechados há três meses afirmou Rodrigues, acrescentando que, agora, vai esperar a terceira fase de flexibilização das medidas restritivas do município.

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