GRUPOS DE EXTERMÍNIO DEIXAM AVISOS DE MORTE NA FRONTEIRA BRASIL/PARAGUAI
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Publicado em 30/07/2021

Colocar bilhetes com "avisos" é prática do grupo autointitulado "justiceiros da fronteira", que assinou execuções na linha internacional entre Brasil e Paraguai. Após um dos crimes, o grupo colocou cartazes em postes das cidades fronteiriças de Pedro Juan Caballero (que fica no Paraguai) e a brasileira Ponta Porã (MS): ""Dizem que quem avisa, amigo é", diz o recado.

A polícia paraguaia disse ao G1 que os avisos foram encontrados, nesta quinta-feira (29), e agora, compõe parte das investigações das execuções de Mateo, Anabel e de um jovem, de 17 anos, que todos, ocorreram na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero.

No aviso, os "justiceiros" ameaçam de morte pessoas que "roubam [...], traficantes [...] e aqueles envolvidos neste contexto social". O grupo escreve que "as coisas vão ficar ruim para vocês [os grupos citados acima]".

"Começaremos a agir fortemente nesta cidade para eliminar estas pragas deste convívio social. Não teremos dó nem piedade, e para quem acha que isso aqui é uma brincadeira, procure saber", relataram.

Ao finalizar, o aviso os "justiceiros" disseram: "o aviso foi dado, agora esperar para ver o que acontece".

Conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 51 execuções ocorreram na região em Mato Grosso do Sul, próximo a linha internacional com o Paraguai. O serviço de segurança do país vizinho não informou sobre os dados correspondentes ao país.

Os justiceiros

O delegado Clemir Vieira, que comanda a Polícia Civil em Ponta Porã, disse que a maioria dos casos de execução na linha de fronteira acontecem do lado paraguaio e, por este motivo, as investigações ficam restritas ao país vizinho. "Estamos em alerta, não ficamos alheios, mas formalmente não investigamos os casos recentes", explicou.

Na opinião de Vieira, "coincidentemente, a maioria [dos executados] tem antecedência em crimes contra o patrimônio" e que as investigações da polícia paraguaia devem encaminhar para elucidação de quem ou quais pessoas fazem parte dos "Justiceiros da Fronteira", que assinaram os crimes recentes.

"Eles se denominam dessa forma. Não deixa de ser uma organização criminosa que faz justiça com as próprias mãos", disse.

O delegado disse que nenhum caso, assinado por "Justiceiros da Fronteira" aconteceu recentemente em Ponta Porã, mas não descarta que no passado tenham ocorrido execuções semelhantes na cidade brasileira. Além de apontar que a autoria dos crimes pode estar relacionada a uma pessoa ou uma organização criminosa.

"Às vezes pode ser apenas um homem, ainda estamos em investigação e não temos nenhuma informação da polícia paraguaia. Conosco não temos nenhuma informação sobre a investigação", frisou.

O que diz as polícias

Uma fonte do G1, relacionada a segurança pública em Mato Grosso do Sul, que não será identificada, disse que os avisos deixados nos postes das cidades "pode ser apenas uma brincadeira". Além, de frisar que a maior parte das execuções acontecem do lado vizinho.

Por conta dos crimes acontecerem no Paraguaia, a fonte disse que não há a inserção da polícia brasileira durante as investigações dos crimes, "que geralmente estão relacionados ao roubo e tráfico de drogas".

Já um dos investigadores da polícia paraguaia, que pediu para ter a identidade preservada, pontou que as apurações das execuções estão em curso. Ainda ressaltou que os avisos colados em postes e bilhetes encontrados sobre o corpo de Mateo, e do adolescente, de 17 anos, foram submetidos à perícia.

A fonte, ainda pontuou que as investigações ainda correm em sigilo no Paraguai.

 

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