Além de prefeitos, motoristas e caminhoneiros, tanto a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem atuado para cobrar providências que garantam a segurança de quem trafega pelas rodovias que cortam as regiões de mineração do estado.
O presidente da Comissão de Direito Minerário da OAB Nacional, e conselheiro do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra), Eduardo Couto, explica que o compartilhamento de vias é o caminho para pôr fim ao problema.
"Para que seja possível solucionar o desafio de reduzir o volume de veículos pesados nas rodovias, no médio prazo, é imprenscindível a implantação de novos terminais e ramais ferroviários para que as empresas consigam escoar a produção com a menor distância possível do modal ferroviário. No curto prazo, o compartilhamento das estradas internas e dos terminais atualmente existentes para possibilitar o menor deslocamento para as empresas produtoras", afirma.
Segundo Couto, para que isso possa acontecer, é preciso de "celeridade na obtenção das permissões necessárias para implantação dos ramais ferroviários e rodoviários".
O deputado estadual Tito Torres (PSD), presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALMG, explica que é necessária uma atuação conjunta para desviar o trânsito de carretas pesadas das rodovias onde trafegam carros de passeio.
"Os prefeitos estão corretos, há uma preocupação enorme com os acidentes ocorridos. Temos que sentar todo mundo na mesa, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, as prefeituras, Assembleia para levarmos essa demanda e buscarmos nas mineradoras a possibilidade de compensações para que sejam realizadas essas obras de infraestrutura", opina.
Segundo o parlamentar, projetos que visam retirar os veículos pesados das rodovias deverão ter "prioridade" nos trâmites do governo estadual.
"Não tenho dúvida que, se os projetos chegarem à Secretaria de Meio Ambiente, o governo colocará prioridade. São projetos estruturantes, importantes para o estado e ter a possibilidade de licenciar para que a gente deixe de ter mortes nas estradas. Não tenho dúvida que o estado colocará isso como prioridade", avalia.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, que o setor minerário entende a necessidade de haver mais alternativas para veículos pesados.
"A gente entende que tem algumas soluções relativamente fáceis. O caso da região de Itabirito, que vai tirar da estrada o fluxo de carga muito grande e melhorar a condição da rodovia. O setor está empenhado em encontrar soluções com o poder público. Acredito que há boas alternativas para a regiao. Para a BR-040, estamos aguardando a nova concessão para dialogar possíveis atuações em conjunto com o setor da mineração e mitigar o fluxo na 040, encontrar soluções de acessibilidade, trevos, até mesmo de ampliação da pista", afirma.
Em nota o Governo de Minas Gerais diz que a concessão do lote Ouro Preto permitirá a duplicação de 67 quilômetros da BR-356, a implantação de 41 quilômetros de faixa adicional, além da readequação de 66 quilômetros de acostamento. Não houve resposta sobre a BR 040, nem sobre as vias alternativas.
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres ANTT diz que não há discussões sobre criação de nova rodovia. Que mantém diálogo aberto e acompanha as ocorrências nas rodovias.
Também por meio de nota oficial, a concessionária Via 040, que administra a BR-040, diz que vem realizando melhorias no trecho citado desde 2014. A empresa não quis dar entrevista.
A Vale disse estar à disposição do poder público e demais entidades para buscar soluções que promovam mais segurança e bem-estar da população.