Em entrevista ao programa Roda Viva na noite da última segunda-feira (19), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, justificou a polêmica fala do presidente Lula, comparando o nazismo às atitudes do governo de Israel durante o conflito com o Hamas, travado na Faixa de Gaza. O ministro, que é um dos auxiliares mais próximos de Lula no Palácio do Planalto, creditou a comparação a um momento de indignação do presidente e afirmou que não haverá retratação, apesar do pedido feito por Israel.
“O presidente verbalizou aquilo que outras lideranças internacionais já disseram, não só chefes de estado, sociedade, profissionais de saúde, representantes de agências da ONU, que têm um massacre acontecendo e que têm que encerrar o mais rápido possível”, justificou Padilha.
Durante todo o programa, o ministro repetiu o argumento de que a posição brasileira em relação ao conflito tem respaldo de outras nações, incluindo aliados históricos de Israel que, neste momento, entendem que não há razão para que Israel continue avançando suas tropas contra o povo palestino.
“Até os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, reconhecem, hoje, que não é possível admitir a continuação da atividade militar pelo primeiro-ministro de Israel”, afirmou.
Sem pedidos de desculpas
Nesta terça-feira (20), segundo a agência Reuters, o país norte-americano deve propor junto ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) um pedido de cessar-fogo para que a libertação dos reféns que ainda são mantidos em poder do Hamas seja negociada.
Após ser criticado pelo governo de Israel e por entidades ligadas ao povo judeu, o presidente Lula manteve a posição sobre o conflito e não se retratou sobre a declaração em que fez alusão ao nazismo. A polêmica fez com que o chanceler israelense, Israel Katz, classificasse Lula como ‘persona non grata’.
Segundo Padilha, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tentou criar um ‘fato político e diplomático’ sobre a fala de Lula. “O presidente, na própria fala dele, deixa claro o posicionamento em relação a Netanyahu e à sua postura histórica enquanto presidente da República neste momento de defesa de Israel, da existência do Estado de Israel e à relação que ele sempre teve com a comunidade judaica aqui no Brasil. Ficou claro”, disse Padilha, indicando que não haveria uma retratação sobre o que disse o presidente.
Ainda ontem, a posição de manter o que foi dito também foi reforçada pelo ex-chanceler e assessor especial da presidência, Celso Amorim, em entrevista à CNN.