DEPUTADOS VÃO AO TRIBUNAL DE HAIA CONTRA LULA POR FALA SOBRE ISRAEL
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Publicado em 27/02/2024

Deputados de oposição ao governo enviaram um pedido, nesta sexta-feira (23), ao Tribunal Penal Internacional de Haia para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja investigado e condenado por crime contra a humanidade.

Liderado pelo deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-RS), o documento do movimento foi assinado também por outros 67 parlamentares e enviado cinco dias após falas do presidente Lula comparando o ataque ao Hamas ao holocausto.

O presidente, inclusive, voltou criticar Israel nesta sexta-feira (23), quando afirmou que o que está acontecendo em Gaza é um “.

O que faz o tribunal?

O Tribunal de Haia, na Holanda, tem a função de investigar e punir indivíduos acusados de crimes relacionados a comunidade internacional, como crimes de guerra, genocídio, crimes de agressão e crimes contra a humanidade.

Qual é o argumento dos deputados?

A oposição baseou a denúncia no artigo 7 do Estatuto de Roma — acordo firmado em 1998 que criou o Tribunal de Haia e do qual o Brasil também é signatário.

“Fica evidente a discordância consistente de Luiz Inácio Lula da Silva com a legitima existência do Estado de Israel, o que se configura como uma perseguição por razões de nacionalidade ao povo judeu”, expressa o documento.

Os deputados envolvidos na denúncia também afirmam que as falas de Lula “promovem uma narrativa que pode incitar a hostilidade, o ódio e a discriminação contra um povo e sua legítima defesa”.

O pedido foi enviado por e-mail a Karim A. A. Khan, procurador-chefe do órgão. Responsável por receber denúncias que comprometam a comunidade internacional, ele decide se uma investigação será feita e se um processo contra o presidente será instaurado por conta das declarações.

 

O que querem os deputados?

Os parlamentares pedem que Lula seja convocado para prestar depoimento sobre as declarações sob pena de confissão caso recuse. Também pede que o presidente da República seja condenado por crime de perseguição de um povo por motivos políticos, nacionais, étnicos, culturais e religiosos.

Recentemente, Lula foi alvo de outra ação por conta de falas sobre Israel. Trata-se de um , encabeçado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Lula pode ser julgado no Tribunal de Haia?

Conforme apurou a CNN, a decisão de enviar a denúncia a Haia foi feita após uma consulta a especialistas da área técnica da Câmara, que orientaram sobre o pedido de impeachment não prosperar, o que configuraria o esgotamento dos recursos internos – e, em tese, permitiria que o pedido de investigação fosse aceito pelo Tribunal de Haia.

Porém, para Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional e Professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o “esgotamento de recursos internos” sequer aconteceu. Isso porque o pedido de impeachment do qual Lula é alvo não entra no âmbito criminal, mas político. E a Justiça Internacional não pode interferir na Justiça de um país em um caso que não foi sequer julgado internamente.

Caneparo também argumenta que a fala do presidente não configura crime contra a humanidade, uma vez que, para isso, precisaria ser um ato sistemático, como extermínios e a negação de insumos à populações, por exemplo.

A CNN entrou em contato com a assessoria do Palácio do Planto e não obteve retorno.

Confira a lista de deputados que assinaram o pedido:

Rodolfo Nogueira (PL-MS)

Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP)

Ricardo Salles (PL-SP)

Messias Donato (Republicanos-ES)

Caroline De Toni (PL-SC)

Marcel van Hattem (Novo-RS)

Luiz Lima (PL-RJ)

Carla Zambelli (PL-SP)

Daniela Reinehr (PL-SC)

Capitão Augusto (PL-SP)

Jefferson Campos (PL-SP)

Coronel Meira (PL-PE)

Sanderson (PL-RS)

Frederico (PRD-MG)

Julia Zanatta (PL-SC)

Paulo Bilynskyj (PL-SP)

Alberto Fraga (PL-DF)

Coronel Assis (União Brasil-MT)

Sargento Fahur (PSD-PR)

Adriana Ventura (Novo-SP)

Alfredo Gaspar (União-AL)

Marco Feliciano (PL-SP)

André Fernandes (PL-CE)

Zé Trovão (PL-SC)

Mariana Carvalho (Republicanos-MA)

Adilson Barroso (PL-SP)

Junio Amaral (PL-MG)

Capitão Alberto Neto (PL-AM)

Delegado Ramagem (PL-RJ)

Pastor Eurico (PL-PE)

Evair Vieira de Melo (PP-ES)

José Medeiros (PL-MT)

Coronel Chrisóstomo (PL-RO)

Capitão Alden (PL-BA)

Cristiane Lopes (União-RO)

Cabo Gilberto Silva (PL-PB)

Éder Mauro (PL-PA)

Nikolas Ferreira (PL-MG)

Bibo Nunes (PL-RS)

Sargento Gonçalves (PL-RN)

Delegado Fabio Costa (PP-AL)

Nicoletti (União-RR)

Bia Kicis (PL-DF)

Gilvan da Federal (PL-ES)

Mauricio Marcon (Pode-RS)

Delegado Caveira (PL-PA)

Gilson Marques (Novo-SC)

Rodrigo Valadares (União-SE)

Rafael Pezenti (MDB-SC)

Hélio Lopes (PL-RJ)

General Pazuello (PL-RJ)

Mario Frias (PL-SP)

Silvia Waiãpi (PL-AP)

Giovani Cherini (PL-RS)

General Girão (PL-RN)

Amália Barros (PL-MT)

Reinhold Stephanes (PSD-PR)

Marcelo Moraes (PL-RS)

Carlos Jordy (PL-RJ)

Maurício Souza (PL-MG)

Filipe Martins (PL-TO)

Kim Kataguiri (União-SP)

Marcos Pollon (PL-MS)

Giacobo (PL-PR)

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)

Coronel Fernanda (PL-MT)

Coronel Telhada (PP-SP)

Daniel Freitas (PL-SC)

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