GOLPE MILITAR DE 1964 COMPLETO HOJE 60 ANOS
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Publicado em 31/03/2024

Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo federal não organizou eventos para marcar a data dos 60 anos do golpe militar de 1964. Com a popularidade em queda, Lula preferiu evitar desagradar lideranças militares e grupos conservadores, dizendo que 1964 “faz parte do passado” e que não quer “remoer” os episódios da ditadura.

Com a orientação do Palácio do Planalto, os ministérios cancelaram ações, inclusive ato que previa um pedido de desculpas a vítimas e familiares de vítimas da ditadura.

“Eu não vou ficar remoendo, vou tentar tentar tocar esse país para frente. O que não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre”, afirmou Lula em entrevista à Rede TV.

O ministro da Defesa, José Múcio, elogiou a decisão de Lula e citou a importância de uma pacificação com os militares, que ainda mantêm relação de desconfiança com o petista e grupos de esquerda próximos ao Planalto.

Insatisfação de aliados

A decisão de Lula, no entanto, é alvo de críticas por parte de aliados e do próprio PT, que pretende apoiar atos que farão alusão aos 60 anos do golpe militar. Vários atos estão marcados para este domingo (31) e para o dia 1º de abril.

Em reunião do diretório petista na última terça-feira (26), a orientação de Lula ficou em segundo plano. “O Partido dos Trabalhadores reafirma seu compromisso com a defesa da democracia no país, valor presente no DNA originário do partido desde sua fundação em 10 de fevereiro de 1980”, informou a sigla em nota.

“O PT apoiará e participará dos atos e manifestações da sociedade previstos para os dias 31 de março e 1º. de abril em diversos pontos do país, além das atividades organizadas por sua fundação, a Fundação Perseu Abramo, sobre os 60 anos do Golpe de 1964”, continua o PT.

Em Belo Horizonte, grupos de esquerda, com a participação de vereadores e deputados, marcaram um ato para o dia 1º de abril, às 16 horas, em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na avenida Afonso Pena.

Marcha partiu de Minas Gerais

No final da madrugada de 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, deu início à marcha em direção ao Estado da Guanabara, sede do Executivo federal.

A marcha de cerca de 6 mil homens tinha como objetivo tirar do poder o presidente João Goulart. Durante o dia 1º de abril, os militares, que receberam reforço de outras unidades do Exército, ocuparam várias cidades fluminenses. Goulart viajou

Ainda no dia 1º, o deputado Ranieri Mazzili, presidente da Câmara, declarou a presidência vaga e assumiu o governo em caráter provisório. O poder, no entanto, estava de fato com uma junta militar: o general Arthur da Costa e Silva, o almirante Augusto Radamaker Grunewald e o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo.

No dia 2 de abril, as tropas marcharam pela Avenida Brasil, no centro do Rio. Os militares foram saudados por vários grupos da sociedade brasileira, desde veículos de comunicação a lideranças religiosas, e receberam também o apoio do governador fluminense, Carlos Lacerda, e do governador paulista, Adhemar de Barros.

Os movimentos que começaram no dia 31 de março de 1964 deram o pontapé inicial para o regime militar, que se arrastaria até 1985, com a convocação de nova eleição indireta para a presidência da República.

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