Há um ano, o Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte, deixava de funcionar. Palco de diversos acidentes com aviões de pequeno porte, o equipamento foi desativado com a mobilização de moradores após mais um acidente: no dia 11 de março, um avião de pequeno porte atingiu duas casas no bairro Jardim Montanhês, vizinho ao aeródromo. O piloto morreu na queda e a filha dele, que também estava a bordo, ficou ferida.
Levou cerca de 20 dias até que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinasse a suspensão das atividades no local. Em seguida, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) começou a negociar com o governo federal uma nova destinação para o local. Um ano depois, 17% do total do terreno já foi passado para o município, que irá revitalizar um parque que fica na região. O restante ainda é alvo de negociações entre os Poderes Executivo municipal e federal.
Enquanto isso, moradores vizinhos ao local convivem com incertezas. De um lado, há falta de clareza sobre a destinação da área - que deve passar a abrigar, no futuro, equipamentos públicos, como escola e posto de saúde, casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida, e novas habitações, que darão origem a um novo bairro na capital mineira. De outro, há o alívio pelo fim dos acidentes que marcaram moradores da região.
Questionado se o local está mais tranquilo neste último ano, desde o fechamento das atividades do aeroporto, o morador Rean Souza da Silva, de 28 anos, e que mora praticamente na portaria principal de onde era o aeroporto, o fechamento deixou o bairro mais vazio e afetou o comércio local.
“Tranquilo é um conceito relativo, né? Se, por tranquilo, você quer dizer mais vazio, com certeza. Mas eu também conheço pessoas aqui da região que tinham o seu negócio quase todo voltado para o público do aeroporto. Piloto, funcionários da Infraero, enfim, e que viram seu negócio basicamente acabar por conta do fechamento do aeroporto. Eu entendo que é uma preocupação, mas é importante a gente saber o que realmente será feito com o espaço. Você fechar ele com a justificativa de que não é seguro, mas não faz nada em troca, nada no lugar, não oferece de novo um serviço ao público com esse espaço que agora está vazio e pode ser agora várias outras coisas ainda piores para a população. Isso é complicado”, critica.
A administradora Vitória Costa, de 29 anos, mora lá desde que nasceu e diz que o barulho de aviões foi substituído por outro som incômodo: o de tiros.
“Já vi muita coisa: avião caindo, ali antes entrava quem queria, usuários de drogas. Estava tudo muito atrapalhado. Agora, está bem organizadinho, tem vigilância da Guarda Municipal”, completa.
Walter Bueno de Souza, de 62 anos, viveu ainda mais de perto a tragédia dos acidentes no aeroporto Carlos Prates. Em março do ano passado, a aeronave que decolou de lá, caiu dentro de sua casa. Por sorte, ele não estava no local no momento.
“A gente já não tem mais aquele medo. Convivemos com esse incidente durante muito tempo. Já caiu aqui, ali, na rua Minerva, então, para a gente, foi um alívio”, afirma.