Dez meses depois da morte da escrivã da Polícia Civil (PCMG), Rafaela Drumond, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) retoma o debate sobre os casos de assédio moral na instituição. Nesta quarta-feira (10), a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher realiza audiência pública para saber se a PC está adotando medidas para combater os casos.
A reunião ocorre quatro meses depois de uma outra audiência pública sobre o tema. Em dezembro do ano passado, representantes de associações de classe e servidoras da instituição denunciaram aos deputados que as denúncias feitas dentro do órgão não estavam tendo encaminhamento adequado na Polícia Civil.
Na ocasião, a presidente da Associação dos Esccrivçaes da Polícia Civil de Minas Gerais, Aline Risi chegou a dizer que a prática de assédio moral e sexual está enraizada na cultura da instituição e que depois da morte de Rafaela, os casos estavam vindo á tona. “Parece que está virando tradição na Polícia Civil punir a pessoa que faz denúncia”, denunciou.
A delegada Larissa Bello disse que após denunciar um suposto caso de corrupção na PC foi surpreendida por uma aposentadoria relâmpago. “Como que uma pessoa que exerce atividades plenas na delegacia, inclusive dirigindo operações interestaduais, fica de uma hora para a outra com uma doença mental grave que inviabiliza seu trabalho?”, questionou.
Presente à audiência pública, o delegado Saulo de Tarso Gonçalves, porta-voz da Polícia Civil, disse que a instituição havia tomado medidas para combater os casos de assédio moral, entre eles a inauguração de um centro psicossocial para atendimento de servidores e familiares.
Agora, quatro meses após a audiência pública na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, os deputados voltam ao assunto para saber se houve avanços na apuração das denúncias.
Caso Rafaela Drumond
A escrivã da Polícia Civil Rafaela Drumond, de 32 anos, foi encontrada morta pelos pais dentro de casa no dia 9 de junho de 2023, no município de Antônio Carlos, região Central do estado. À época, ela atuava na delegacia da cidade vizinha de Carandaí e, antes de tirar a própria vida, havia relatado a uma amiga estar sendo vítima de assédio moral e sexual no trabalho.