A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu uma investigação para apurar possíveis irregularidades no leilão para importação de arroz, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O certame foi anulado após denúncias apontarem um suposto favorecimento a uma empresa que teria ligação com o ex-secretário secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller.
A iniciativa da CGU ocorre após um pedido formal da própria Conab, que solicitou a apuração da regularidade do procedimento de leilão de importação. A Companhia solicitou à CGU, por meio de ofício, que apurasse a regularidade do procedimento de leilão e se colocou à disposição para ajudar nas investigações.
As denúncias de irregularidades no leilão já estavam na mira da Polícia Federal da Corregedoria Geral da própria empresa, que abriram um processo de apuração de todos os fatos envolvendo o leilão para a compra do arroz. As investigações correm sob sigilo.
O certame foi feito para garantir estoques e evitar uma escalada de preço do produto por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, o maior produtor do grão no país. No entanto, o próprio governo já admitiu - diante da negativa de produtores de arroz que a safra do produto foi afetado pela crise climática - que a medida também visa forçar uma queda no preço do item considerado um dos alimentos essenciais na mesa do povo brasileiro.
Quais são as suspeitas
Neri Geller, ex-secretário do Ministério da Agricultura, virou o centro das suspeitas em torno do leilão depois que devido a uma suspeita de conflito de interesse. Seu ex-assessor parlamentar, o advogado Robson Luiz de Almeida França, é dono da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos, que intermediaram a venda de 44% de arroz no leilão.
Ele também é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas. Esse pontos são alvo de denúncias apresentadas pela oposição ao governo no Congresso e também associações de produtores, que apontam que houve favorecimento da empresa de França.
Além disso, três das quatro empresas que venceram o leilão não são do ramo de arroz e de importação de grãos, o que levantou preocupações do próprio governo sobre a possibilidade de que a importação fosse concluída.