O montanhista Marcelo Motta Delvaux, natural de Juiz de Fora, vivia em Belo Horizonte, mas passava boa parte dos meses do ano escalando e guiando montanhas nos Andes. Ele estava desaparecido desde o dia 30 de junho, no Nevado Coropuna, a quarta montanha mais alta do Peru, com aproximadamente 6.300 de altitude, caiu em uma greta, espécie de rachadura, e não sobreviveu.
As informações foram confirmados por familiares da vítima. De acordo com a irmã Patrícia Delvaux, as buscas foram encerradas neste domingo (7).
“Não tem como entrar na greta pela profundidade e instabilidade do lugar. Infelizmente não há chance dele estar vivo. Já se vão 7 dias caído, ali”, disse ela ao G1.
Marcelo chegou ao Coropuna, no dia 25 de junho e após cerca de 4 horas de caminhada ele estabeleceu um acampamento a 4880 m de altitude. Ele permaneceu no local por mais dois dias, provavelmente esperando uma melhora nas condições de tempo. Segundo o portal Alta Montanha, no dia 28 ele empreendeu uma tentativa de chegar ao cume, mas alcançou apenas a altitude de 6.300 metros, onde retornou, no fim da tarde, para o acampamento. Ele descansou um dia mais e tentou uma segunda ascensão no dia 30.
Neste mesmo dia ele saiu às 3h da manhã e chegou ao cume próximo das 15h da tarde. Marcelo permaneceu muito pouco tempo no cume e cerca de 30 minutos mais tarde, 100 metros abaixo, seu sinal ficou estagnado e não se moveu mais.
A namorada de Marcelo, a guia de montanha argentina Julieta Ferreri, achou que seria um problema no GPS. Porém, Marcelo não apertou o botão de SOS e nem enviou mensagem pedindo ajuda. Entretanto, passado dois dias do sinal no mesmo local, Julieta acabou investigando sobre o paradeiro de seu parceiro e ao ligar ao hotel onde eles costumavam ficar em Arequipa, a cidade grande mais próxima do Coropuna, descobriu que ele havia feito uma reserva e não havia retornado da montanha. Foi então que a polícia foi acionada.
O amigo e montanhista Pedro Hauck disse que Marcelo não enviou nenhuma mensagem e também não apertou o botão de SOS.
“Ele tentou fazer uma rota diferente pelo oeste, que atravessa a geleira. Chegou no dia 25 e, no mesmo dia, caminhou, montou um acampamento, onde permaneceu por mais 2 dias, e fez poucos deslocamentos”, contou.
Buscas por Marcelo
As buscas se iniciaram no dia 4 de julho pela manhã, com uma viatura indo até o Coropuna. Havia uma hipótese de que Marcelo pudesse ter apenas perdido o GPS e ficado sem ter como pedir para que seu transporte fosse buscá-lo na montanha, porém ele não se encontrava perto da base. Como a polícia não é especializada em buscas em montanhas e o Coropuna é muito alto, exigindo uma aclimatação de cerca de uma semana a dez dias para se alcançar os 6.300 metros, a família contratou uma equipe de 4 guias de montanhas.
A equipe chegou na base do Coropuna no dia 5 de julho e no fim de tarde daquele dia já alcançou o acampamento de Delvaux, onde se depararam com a barraca do guia mineiro. Nesse sábado (6), os guias peruanos chegaram no meio da tarde no local indicado do GPS, onde encontraram uma greta aberta, os bastões de Marcelo e sinais de que ele caiu no interior desta greta.
Sem esperanças
Dado a profundidade da greta, os montanhistas acreditam que Marcelo Delvaux não deve ter sobrevivido à queda. Isso explicaria o fato do montanhista não ter solicitado resgate por seu GPS, que permaneceu ligado e com bateria por 5 dias. Mesmo que Marcelo tenha sobrevivido à queda, o frio negativo poderia ter levado o guia de montanha brasileiro a óbito já na primeira noite ou no máximo na segunda.
Entretanto, levando em consideração a dificuldade de acesso no interior da greta, a altitude onde ela está localizada e o perigo em realizar tal procedimento, não é certo quando e nem se o corpo de Marcelo Delvaux será removido.