A acústica da Arena MRV é alvo de críticas da torcida do Atlético desde que o estádio foi inaugurado, em agosto de 2023. Construída para ser um ‘caldeirão’, a casa do Galo tem uma estrutura que absorve o som e não cumpria o papel desejado pelos atleticanos. Para tentar mudar isso, o clube contratou a empresa Erhardt, do grupo JBL Profesional, para instalar um sistema chamado Voice Lift, que amplifica o som dos cânticos dos torcedores nas arquibancadas.
Quatro microfones instalados abaixo do telão, próximo às organizadas, captam o som da torcida.
O equipamento distribui e uniformiza o som nas caixas da Arena MRV.
“O sistema Voice Lift serve para captar o som ao vivo da plateia, de um lado, e ajudar no efeito caldeirão, nessa parte de experiência para o torcedor, para ajudar a inflamar a torcida. Ele faz isso com maestria. Ele capta onde fica a torcida e espalha de forma gradual pelo estádio, de forma que quem está no estádio tem a sensação de que o som está vindo só da torcida, mas na verdade está sendo complementado pelo sistema de som do estádio”, disse à Itatiaia o engenheiro de pró-áudio José Roberto Guimarães, da empresa Erhardt.
Barulho corresponde a público de 80 mil pessoas
Os quatro microfones instalados foram comprados na Alemanha, da EletroVoice, empresa especializada em captação de som.
“Hoje, a gente fez medições, a gente conseguiu captar no nível bastante alto de 105 decibéis, isso é bastante alto e é o equivalente a ter 80 mil pessoas gritando no estádio. É notório que, quando a gente liga o Voice Lift, o som se espalha pelo estádio como um todo”, agregou o engenheiro.
José Roberto Guimarães destacou ainda que o som emitido não é gravado e sim encapsulado em tempo real. “Isso não é gravado, é ao vivo, é o som da própria torcida que está sendo encapsulado e tratado e jogado para o outro lado para ter esse efeito caldeirão”.
Abafa a torcida rival e exalta a do Atlético
O sistema ainda é capaz de identificar o som emitido pelas torcidas adversárias. Se os rivais cantarem mais alto, automaticamente o volume dos atleticanos é elevado.
“Ele tem regulagem que a gente consegue deixar setado, e quando a torcida contrária canta, de forma gradual ele ajuda a torcida do Galo a vir com maior pressão sonora. A gente está captando a própria torcida e dando um fôlego para ela, fazendo ela chegar do outro lado”, disse José Roberto Guimarães.
O mesmo sistema é utilizado na Amsterdam ArenA, em Amsterdã, na Holanda, e na Dallas Cowboys Arena, nos Estados Unidos.
Muzzi falou sobre a tecnologia
CEO do Atlético e da Arena MRV, Bruno Muzzi explicou, nesta quinta-feira (11), em entrevista coletiva pela manhã, que a acústica do estádio está sendo trabalhada para, de fato, reverberar o som da torcida.
“Estamos usando um sistema que se chama Voice Lift, que já é usado em estádios mais modernos. Os estádios antigos eram de concreto. Esse sistema é uma captação sonora que faz com que o som captado seja distribuído ao entorno do estádio nos mesmos tempos para poder ter essa uniformidade. Quando isso acontece, existe essa coordenação (do som)”, explicou o executivo.
“Hoje, o que acontece é que quem está no Norte não ouve quem está no Sul. Então, a gente faz essa coordenação. Começamos isso no jogo contra o Flamengo e acho que houve uma percepção de melhoria. Tivemos 105 decibéis quando a torcida cantou junto. O Maracanã tem esse sistema, o estádio do Atlhletico-PR tem esse sistema”, completou.