Conheça estudante mineira que foi para a Amazônia realizar Atendimentos
Publicado em 31/10/2024 11:45
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Foi em um cenário pós-queimadas e em meio à forte estiagem na Amazônia que 30 alunos e 12 médicos e professores de várias regiões do Brasil viajaram para prestar atendimento e assistência em saúde a comunidades ribeirinhas na região. Entre eles, vários mineiros.

“É um lugar mágico, com pessoas extremamente carinhosas, humildes e simples, pessoas incríveis de coração aberto que nos inspiram a continuar na medicina. É uma sensação única, que transborda. Como se meu coração quisesse sair pela boca, de tanto que bate forte”, conta a estudante de medicina Ana Vitória D’Antonino, de 25 anos.

O projeto, que teve duração de 12 dias, propõe uma experiência humanitária para estudantes de medicina, oferecendo a chance de trabalhar em condições diferentes e conhecer um outro lado do Brasil.

Ana Vitória descreve a sensação de estar na Amazônia: “Quando a gente pisa no Pará, na floresta Amazônica, estamos pisando no coração do nosso país. É uma sensação de magia, de estar fora da nossa bolha, do nosso mundinho... Eu me redescobri, esqueci tudo o que havia deixado para trás e simplesmente renasci. A partir do momento em que pisamos lá, não somos mais estudantes, somos médicos”.

Desafios, infraestrutura e simplicidade

“Essa experiência, ao mesmo tempo que é grandiosa, é também pequena em alguns sentidos, especialmente em termos de infraestrutura. Estamos acostumados a grandes centros, com muita tecnologia, mas lá, muitas vezes, não tem nem celular. Isso nos ensina sobre valorizar o essencial”, explica Ana Vitória.

Ali, ela viveu na pele um dos desafios da profissão, que envolvia um jovem de 20 anos, com histórico de agressão a pessoas, suspeitas de esquizofrenia e atraso mental, sem acompanhamento especializado. Ao saber que o jovem gostava de Galinha Pintadinha e chocolate, Ana Vitória teve a ideia de decorar um balão com o tema e levar chocolates para o paciente. Essa abordagem mudou tudo — ela conquistou a confiança do paciente e conseguiu fazer o atendimento: “Essa experiência foi muito marcante para mim. O que vi lá mudou minha perspectiva sobre o mundo e como enxergo as pessoas”.

“Construir uma relação com uma pessoa que você nunca viu na vida, sabendo que aquele pode ser o dia mais importante para ela, foi uma lição valiosa. Foram essas experiências simples que transformaram essa vivência em algo grandioso para mim”, conclui.

A visão técnica do projeto

O médico Nathan Mendes Souza, coordenador do curso de medicina do UniBH, destaca a importância dessas experiências para a formação dos estudantes: “Vemos as missões humanitárias como um elemento central na formação médica atual. Em um tempo de grandes avanços tecnológicos, o componente humano, como o toque, o olhar e o vínculo profundo e significativo entre as pessoas, muitas vezes está se perdendo”.

Como professor, Nathan celebra o impacto transformador das missões nos alunos. “Aqui [na faculdade], a transformação é gradual, mas nas missões humanitárias ela é intensa. Um aluno que aqui atende 10 crianças no ambulatório de pediatria, lá atende 150, trabalhando em equipe com colegas e preceptores. O ganho é estratosférico”.

“Alguns alunos retornam dizendo que 15 dias de imersão no interior do Pará equivalem a um ano de internato (o quinto e sexto anos de medicina no Brasil), dada a profundidade dos aprendizados técnicos, humanos, relacionais e da visão de mundo”, finaliza o professor.

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