Uma corrente do bem já começa a melhorar a situação da família da desempregada Estefani Renata, de 32 anos, vítima de câncer que vive com três filhos (entre 5 e 13 anos) em condições desumanas no bairro Kennedy, em Santa Luzia, na Grande BH. A história da família ficou reconhecida na última quarta-feira (20), quando a Polícia Militar (PM) foi atender ocorrência de maus tratos, mas descobriu que a situação era outra.
A voltou à casa de Estefani nesta sexta-feira (22) e encontrou o espaço limpo, arrumado, com alguns móveis, geladeira e alimentos. Cenário bem diferente do lixo acumulado, dejetos de alimentos, moscas, mosquitos e varejeiras encontrado há dois dias. Apesar da solidariedade, a família precisa de muitas coisas básicas, como uma garrafa de café.
“Recebi cama, colchão, roupa de cama para os meus filhos, armário, geladeira mesa. Recebi alguns alimentos, leite para os meus meninos”, diz Estefani, que cita itens que ainda precisa. “Falta um guarda-roupa, que eu não tenho, uma televisão para os meus meninos assistir, uma garrafa de café, vasilha, nem copo, nem prato, panela. Nada não tenho nada”, disse.
Além dos objetos, a casa da família tem problemas no telhado e trincas. Inclusive, a Defesa Civil de Santa Luzia vai vistoriar o imóvel. A prefeitura da cidade acionou o Conselho Tutelar e também acompanha o quadro de saúde. “Fui fazer exame tem que espera o resultado terça-feira (26). “O Conselho Tutelar está acompanhando. Tenho que ir lá dia 25 ( de novembro)”, disse Estefani, que continua com morando com três dos cinco filhos.
Estefani conta que tem depressão, faz uso de medicamento e trata o câncer no posto de saúde.
Mesmo doente, Estefani relatou à Itatiaia que a prioridade é cuidar dos filhos. ‘Eu não tenho condição financeira, não tenho condição para arrumar a casa, porque eu sinto muita dor. Com o pouco de dinheiro que meu marido ganha, eu compro comida para os meus filhos’.
Como ajudar?
Como a família de Estefani não possui telefone celular, os militares da Companhia 150º se colocaram à disposição para receber doações em seu nome. A companhia fica localizada na Praça Eurico Gaspar Dutra, no bairro Boa Esperança, em Santa Luzia.
A Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de Santa Luzia nesta quarta-feira (20). O prefeito Pastor Sérgio informou que a moradora é atendida pelo sistema de saúde e está em processo de regularização para ter acesso aos benefícios sociais. Ele também disse que deslocou uma equipe para acompanhar o caso e agilizar o processo. A prefeitura também se manifestou por meio de nota. Confira a íntegra:
A Prefeitura de Santa Luzia informa que tomou conhecimento do caso envolvendo uma mãe, portadora de câncer, denunciada por maus-tratos e abandono de seus filhos. A situação foi tratada com a devida seriedade e sensibilidade, considerando o contexto de vulnerabilidade apresentado.
Os órgãos competentes, incluindo o Conselho Tutelar e a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, foram acionados imediatamente para garantir a proteção das crianças e oferecer o suporte necessário à família. As crianças estão sendo atendidas e acolhidas, e a mãe, que relatou não ter condições de cuidar dos filhos, será acompanhada para avaliação de suas necessidades e encaminhamentos adequados.
O Conselho Tutelar de Santa Luzia informa:
“O Conselho Tutelar Sede de Santa Luzia, com fundamento no Art. 101, inciso IV, da Lei Federal 8.069/90, vem esclarecer os fatos ocorridos no último dia 20/11/2024.
Este conselho comunica, após decisão colegiada, que o caso está sendo atendido e que já estão sendo tomadas as medidas de proteção, conforme o Art. 101 para as crianças e adolescentes, e o Art. 129 para os pais e responsáveis, dentro das atribuições previstas no Art. 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).”
Assinam:
Cinco Conselheiros Tutelares da Sede de Santa Luzia
A Prefeitura reforça que todas as medidas legais e assistenciais estão sendo tomadas para assegurar o bem-estar das crianças e o apoio à mãe, dentro dos limites da legislação vigente.
Novas informações serão compartilhadas conforme o andamento do caso, respeitando o sigilo e a privacidade das pessoas envolvidas.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de Minas Gerais também foi procurada, mas ainda não se posicionou.