A proibição dos celulares em escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte foi tema de uma audiência pública na Comissão de Educação na Câmara Municipal e dividiu especialistas, professores e pais de alunos.
A discussão, que envolveu acadêmicos, sindicatos da educação, Secretaria Municipal de Educação, professores e representantes de alunos, discutiu os prejuízos que o uso indevido dos aparelhos traz ao aluno, mas também a possibilidade de integração do mundo digital com as disciplinas ministradas em sala de aula.
O Secretário Municipal de Educação, Bruno Barral, afirmou que o uso de celulares em sala de aula é um desafio, e que é preciso chegar em um meio termo, sem extremismos, quanto a inclusão destas tecnologias no ambiente escolar.
“Não podemos demonizar o uso dos celulares, porque é um ferramental importantíssimo para a mediação de conteúdo de muitos profissionais. Isso passa também por uma responsabilização nossa, de que emana a política pública de qualquer município. O radicalismo não vai funcionar, não cabe nenhum tipo de agressividade e é preciso respeitar os pontos de vistas para construirmos restrições não punitivas, mas medidas de apoio para quem precisa de apoio para equilibrar a interação com o mundo digital”, avaliou o secretário.
O professor Guilherme Carvalho Franco, que faz parte do Centro Pedagógico da UFMG, ponderou sobre o uso de celular nas escolas, mas acredita que o caminho não seja proibir.
“Sou contra a proibição dos celulares nas escolas. Sou a favor de que se tenha celulares na escola. A comparação com o cigarro não é apropriada, porque o celular ele tem riscos, temos que cuidar dos riscos, mas nós precisamos, em primeiro lugar, educar para o uso”, diz Carvalho.
“Proibir fere nossa autonomia como professores. Acho que a lei poderia dizer que as escolas estão autorizadas a proibir ou restringir, mas quem tem que tomar essa decisão é a escola”, concluiu o professor.
‘Regulamentação é necessária’
Já a educadora Adriana Aparecida atua, inclusive, na mesma escola que a filha estuda. Para ela, de acordo com a própria experiência, não é uma boa ideia a presença dos celulares de forma desregulada em ambiente escolar.
“Minha filha mais velha tem 12 anos, não tem celular. Tivemos muitos embates, ela quer um celular, mas pergunto a ela a justificativa para ter o celular. Ela tem internet em casa, a van pega na porta, tem telefone fixo. Acompanho a rotina dos alunos, vemos eles nos banheiros, sentados no chão, sempre com o celular na mão. Eles não têm autonomia para ter o aparelho”, avalia.
O vereador Dr. Bruno Pedralva (PT), afirmou após a audiência, que tem intenção de conversar com a Secretaria de Educação para criar um projeto que crie regulamentação sobre o tema.
“Talvez precisamos de uma normativa municipal. Construir uma proposta para apresentar no dia 1º de janeiro, buscar construir uma proposta de consenso, para que BH saia na frente neste debate”, disse o vereador.
Não é a primeira vez que a Câmara de BH discute este tema. Recentemente, houve projetos do vereador Professor Juliano Lopes (PODEMOS), e Professora Marli (Progressistas), que previam regulamentação do uso de celulares nas escolas, mas os textos não avançaram.