Testemunhas afirmam que os policiais militares que arremessaram um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, na noite de segunda-feira (2), impediram que a vítima fosse socorrida por populares. As informações são do portal UOL.
Marcelo do Amaral, de 25 anos, caiu dentro de um córrego, de uma altura de três metros. Testemunhas afirmam que o jovem conseguiu sair sozinho da água, mas estava ensanguentado e desnorteado, dizendo apenas que tinha batido com a cabeça.
Cerca de 15 pessoas teriam tentado se aproximar de Marcelo para socorrê-lo. No entanto, os policiais teriam impedido a ajuda. “Os policiais não deixaram. Eles mandaram todo mundo sair”, disse uma das testemunhas ouvidas pelo portal UOL.
“Ele saiu do córrego, subiu um morro e depois desceu pela escadinha. Estava todo sujo e com a cabeça sangrando. Veio cambaleando e estava desnorteado. Perguntamos: ‘de onde você é?’. Ele nem conseguia responder. Falou só que tinha batido com a cabeça”, disse outra.
Após conseguir sair do córrego sozinho, o jovem foi socorrido por um amigo e levado a um hospital. Ainda de acordo com as testemunhas, o policial que apareceu jogando Marcelo da ponte era o mais nervoso. “Ele xingava todo mundo e estava muito agressivo”, contou.
Vítima foi perseguida após baile funk
Antes de ser jogado da ponte por um PM, Marcelo estava em um baile funk em Diadema, na Grande SP. Em meio à aglomeração de pessoas, o jovem teria fugido da abordagem policial em uma moto sem placa.
Os PMs perseguiram Marcelo, mas tiveram que voltar porque não conseguiam passar com a viatura no meio de uma grande quantidade de pessoas. Nesse momento, cinco equipes da Rocam apareceram de moto para auxiliar a perseguição.
Os moradores ainda se queixaram da violência dos agentes durante a ação. “O moleque passou de moto sem capacete. Quando foi parado, os policiais já começou [sic] a bater, com chutes e socos, esculachando. Aí, o pessoal no baile tentou evitar, gritando: 'Ô, senhor! Não precisa disso, não. Larga o moleque’. Ai, os PMs pegaram spray de pimenta, cassetete e batendo em todo mundo”, disse uma das testemunhas ao UOL.
Marcelo foi perseguido por 2 quilômetros e acabou sendo parado na Cidade Ademar, Zona Sul de SP. O momento em que um dos policiais pega a vítima, que está com uma camisa azul, e a joga da ponte.
Policiais envolvidos foram afastados
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou o afastamento de 13 policiais militares envolvidos no caso. “A instituição repudia veementemente a conduta ilegal e instaurou um inquérito para apurar os fatos e responsabilizar todos os agentes. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a legalidade e não tolera desvios de conduta”, informou a pasta.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, também publicou um vídeo informando que havia determinado o afastamento imediato dos agentes. Segundo Derrite, os policiais foram colocados em funções administrativas na Corregedoria da PM até que os fatos sejam apurados.
“Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas anti profissionais. Policial não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, afirmou Derrite.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse, em uma rede social, que o policial militar que “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não está à altura de usar farda.
Dos 13 PMs afastados, dois são sargentos e onze cabos e soldados, que foram ouvidos sobre o caso e ficarão afastados das ruas até o fim das investigações. Eles pertencem ao 24° Batalhão da PM, da cidade de Diadema, na Grande São Paulo.
Todos os militares usavam câmeras corporais e gravaram a abordagem. As imagens serão usadas pelos investigadores para entender os detalhes da ocorrência.