Representantes diplomáticos de dez países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil, assinaram uma declaração conjunta, divulgada na última sexta-feira (17), expressando preocupação com possíveis deportações em massa anunciadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

A medida, apresentada como uma das prioridades do republicano, faz parte de um plano mais amplo de editar mais de 100 decretos voltados à imigração após sua posse em 20 de janeiro.

Além do Brasil, o documento foi endossado por Belize, Colômbia, Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México e Venezuela. A declaração faz um apelo para que ações migratórias sejam conduzidas em conformidade com o direito internacional e destaca a incompatibilidade de deportações em massa no enfrentamento das causas estruturais da migração.

Os brasileiros estão entre os grupos que podem ser mais afetados pela medida. Estimativas do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) indicam que cerca de 230 mil brasileiros viviam ilegalmente no país em 2022, colocando o Brasil na 8ª posição entre as nacionalidades com maior número de imigrantes não autorizados.

Os Estados Unidos também são o principal destino de migrantes brasileiros: dados do Ministério das Relações Exteriores apontam que 1,9 milhão de brasileiros residem oficialmente no país.

O documento também sugere a retomada das reuniões da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) para discutir políticas migratórias. O objetivo é criar um espaço abrangente para o debate de propostas que promovam uma abordagem mais humana e responsável para lidar com fluxos migratórios, enfatizando o fortalecimento de sistemas de proteção internacional e o respeito aos direitos humanos.