Dois vídeos produzidos pelos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Erika Hilton (PSOL-SP) entraram para a lista de conteúdos mais vistos na internet em apenas 24 horas. Em ambas as publicações, os parlamentares comentam a portaria do governo Lula – já revogada – que estabelecia o monitoramento de movimentações acima de R$ 5 mil via Pix feitas por meio de operadoras de cartão e instituições de pagamento.

Nos vídeos publicados, Hilton defende a medida, enquanto Nikolas acusa o governo de prejudicar os trabalhadores com a decisão e de querer monitorar os gastos da população, sugerindo que, possivelmente, o governo poderia taxar as transações por Pix no futuro.

O vídeo do deputado mineiro, intitulado “O PIX está unindo o povo”, foi publicado no dia 14 de janeiro e, em 24 horas, bateu a marca de 156 milhões de visualizações. Já a parlamentar paulista chegou a 77 milhões de visualizações com o vídeo em resposta à publicação de Nikolas, feito no último sábado (18).

As visualizações são referentes às postagens feitas no Instagram e não incluem os posts feitos em outras redes sociais como TikTok, X e Facebook.

Na lista de vídeos mais assistidos do mundo, organizada por usuários do site Wikipédia, o vídeo de Nikolas aparece como o segundo no mundo com o maior número de visualizações – atrás somente de um vídeo viral promovido pela Paramount Pictures para divulgar o filme “O Chamado 3”, publicado no Facebook em 2017.

O vídeo de Erika Hilton publicado no Instagram, intitulado “Estão mentindo pra você”, figura em quinto lugar na lista, curiosamente atrás de outro vídeo do deputado Nikolas, publicado no último dia 15 e que comenta a revogação da portaria do governo.

Governo se assustou com a repercussão

As notícias falsas sobre a taxação do Pix começaram a se espalhar após a Receita Federal divulgar uma normativa visando receber informações sobre transações financeiras acima de R$ 5 mil mensais para pessoas físicas.

A ideia da medida era ampliar a fiscalização, com o objetivo de impedir fraudes e sonegação. Entretanto, depois de uma forte repercussão negativa sobre o assunto, o governo suspendeu as regras que previam monitorar as movimentações via Pix e cartão de crédito.

O vídeo publicado por Nikolas, apesar de o deputado não mencionar que a medida poderia resultar em uma taxação, deu ainda mais força para o boato de que a medida poderia resultar em uma taxação do pix, o que espalhou e fez com que o governo recuasse na decisão e ainda publicasse uma Medida Provisória (MP) garantindo que o Pix não seria taxado.

A proporção do boato e a falta de coordenação para lidar com o assunto fizeram com que o governo Lula discutisse internamente medidas para aumentar sua presença nas redes sociais e evitar derrotas como a que sofreu.

A missão ficou a cargo do novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, que em seu discurso de posse disse que a “desinformação” é o principal desafio da pasta e classificou as recentes notícias falsas sobre a “taxação” do Pix como uma “atitude criminosa”.