O motorista da carreta bitrem que provocou grave acidente na rodovia BR-116, ao passar por Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, no interior de Minas Gerais, foi preso na manhã desta terça-feira (21), no Espírito Santo. A informação foi confirmada pelo governador Romeu Zema (Novo) nas redes sociais.
Em 21 de dezembro, o veículo transportava um bloco de granito, que se desprendeu e colidiu com um ônibus, causando a morte de 39 pessoas — entre adultos e crianças. Essa foi a maior tragédia em uma rodovia federal desde 2008.
A prisão do motorista foi decretada pelo juiz Danilo de Mello Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni. Conforme o documento, exames demonstraram uso de drogas e álcool por condutor e excesso de peso do veículo.
O magistrado revisou a decisão de manter o motorista em liberdade, devido aos elementos que surgiram ao longo das investigações.
Ainda de acordo com o juiz, o condutor não colaborou com as investigações, negando-se a disponibilizar seu aparelho celular para análise. Sendo assim, a tese de que o estouro de um pneu do ônibus causou o acidente perdeu força, justificando a prisão preventiva.
Além disso, as testemunhas negaram ter havido qualquer barulho de explosão de pneu no momento do acidente ou que o veículo tenha desgovernado.
Segundo o TJMG, ele se apresentou às autoridades, após o acidente, em 23 de dezembro, e teve a urina coletada para a realização dos exames clínicos. Neles, ficou evidenciado o uso de álcool e de drogas (entre elas, cocaína e ecstasy).
“Usando de alta tecnologia, a investigação apontou que o condutor estava sob efeito de substâncias ilícitas”, escreveu Zema. “Em Minas, não há impunidade”, completou.
‘IRRESPONSABILIDADE’
Ainda segundo o TJMG, o motorista admitiu não ter o costume de verificar a amarração do material que transportava ou os limites de peso a obedecer.
Na avaliação do juiz, os fatos evidenciavam “a absoluta irresponsabilidade e inaptidão para exercício de seu ofício”.
O magistrado citou, em sua decisão, o excesso de velocidade do caminhão, que trafegava a 90 km/h, quando o permitido para a via era de 80 km/h, e o excesso de peso transportado, que superou 68 toneladas, sendo que cada reboque possuía capacidade máxima de carga de 30 toneladas.
Assim, ele entendeu não se tratava de “simples descuido ou inobservância de um dever de cuidado objetivo, mas em deliberada assunção de risco, mormente quando embalado pelo uso de drogas diversas”.
Detalhes de onde ele foi preso não foram divulgados.
O acidente
O ônibus de passageiros, uma carreta bitrem e um carro de passeio se envolveram em uma colisão nas primeiras horas do dia 21 de dezembro de 2024, na altura do km 285 da BR-116 em Lajinha, comunidade rural de Teófilo Otoni.
O acidente deixou 39 vítimas, todas do ônibus da empresa Emtram. O veículo saiu de São Paulo com destino a três cidades da Bahia. Havia três passageiros no carro de passeio, do modelo Fiat Argo. Todos sobreviveram.